Os setores que discordam da linha administrativa do governo do Estado no Porto de Paranaguá resolveram se contrapor à campanha que o Palácio Iguaçu e aliados estão fazendo em defesa do porto público. O argumento comum é que a proibição das operações de transporte de produtos transgênicos estão tirando do terminal paranaense a condição de maior exportador de grãos do País, o que prejudica os negócios no setor agrícola.
O autor do projeto de decreto legislativo aprovado pela Câmara, Ricardo Barros (PP), disse que o governo está tentando manipular a opinião pública. "A idéia não é de privatização ou federalização dos portos, como está sendo pregado pelo governo. Os portos apenas estarão sendo administrados pela União por 90 dias – tempo suficiente para corrigir as falhas da administração", afirmou.
Já o líder da oposição na Assembléia Legislativa, deputado estadual Valdir Rossoni (PSDB) enfatizou as perdas econômicas que o Estado estaria tendo. "Tudo indica que um dos mais sérios candidatos ao título agora é o Porto de São Francisco de Sul, que teve um aumento de 100% no volume de carga transportada de grãos. No mesmo período, o transporte de soja por trem no Porto de Paranaguá aumentou apenas 12% em um ano."
Barros afirmou que a soja transgênica, que estaria armazenada em depósitos no interior do Estado, é direcionada para embarque em outros portos, devido ao que chamou de "posição de intransigência" da APPA (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina. Barros disse que o veto ao embarque e desembarque de transgênicos foi denunciado pela Antaq desde a apresentação do primeiro Relatório de Procedimento de Fiscalização da Gestão do Convênio de Delegação dos Portos de Paranaguá e Antonina, realizado em fevereiro de 2004."
O líder do PFL na Assembléia Legislativa, deputado Plauto Miró Guimarães, disse que "quanto mais o governo interfere mais atrapalha o setor produtivo. Em 2005 as filas se formaram em outros portos. Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santos, São Francisco, todos tiveram aumento significativo na exportação de soja. Fizeram até investimentos em melhorias, possibilitando mais negócios, enquanto que aqui os investimentos pararam e os produtores se sentem acuados e com medo de não poderem comercializar, diante da decisão intransigente do governador", criticou o deputado.
O deputado Eduardo Sciarra (PFL) citou que a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) estima em um bilhão de dólares (o equivalente a dois bilhões e meio de reais) o prejuízo somente no ano passado. "O projeto (que suspende a gestão) não é contra os interesses do Paraná, como tenta o governo manipular junto à opinião pública. A votação não foi uma decisão isolada, mas amadurecida com líderes do Congresso também preocupados com o destino de nossos portos", afirmou o deputado pefelista.
Segundo Sciarra, oito estados dependem do bom funcionamento dos portos paranaenses para escoarem suas safras.