Oposição questiona ganhos de consultoria de Palocci

Na representação encaminhada hoje à Procuradoria-Geral da República pelos líderes dos partidos de oposição no Senado e pelo dissidente do PMDB, senador Jarbas Vasconcelos (PE), os parlamentares mostram a “disparidade” entre os ganhos da empresa do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, a Projeto Consultoria Financeira Econômica Ltda., e os ganhos de outras consultorias econômicas do País. Um dos diferenciais entre as empresas é que as que estão no topo e faturam mais, ao contrário da Projeto, funcionam há vários anos e empregam dezenas de funcionários “regiamente pagos e especializados em áreas diversas”.

Eles denunciam o ministro por tráfico de influência, “pois é evidente que as empresas não contratavam do ministro os serviços usuais e cotidianos prestados no mercado de consultoria”. “O que o ministro Palocci fornecia eram contatos com seus ex-companheiros no governo federal para obter facilidades ou negócios com a administração pública”, acusam.

Enquanto a empresa do ministro só em dois meses – novembro e dezembro do ano passado – faturou R$ 10 milhões, a líder do mercado, a LCA Consultores, de acordo com os senadores, obteve um pouco mais de R$ 20 milhões distribuídos nos 12 meses do ano, mesmo contando com uma equipe formada por mais de cem pessoas e atendendo cerca de cem empresas. A empresa do ministro superou os ganhos da segunda colocada no ranking das consultorias, a Tendências, cujo faturamento anual, segundo a representação, seria entre R$ 13 milhões e R$ 15 milhões.

No documento encaminhado ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, os parlamentares lembram que nenhum profissional especializado na área, consultado pela imprensa, jamais ouviu falar da atuação da empresa do ministro em nenhum segmento do mercado. Lembram ainda que o procedimento rotineiro na área de consultoria, de cobrar taxas em torno de R$ 6 mil mensais pelo fornecimento de relatórios macroeconômicos, “com análise e projeções de inflação, PIB (Produto Interno Bruto) e câmbio”, inviabiliza as justificativas do ministro para explicar o seu rápido enriquecimento.