A bancada de oposição ao prefeito Beto Richa (PSDB) na Câmara Municipal de Curitiba anunciou ontem a tentativa de instaurar uma CPI para investigar a relação da prefeitura com as empresas pertencentes ao presidente municipal do PP, Alberto Klaus, e seus familiares.
A partir da informação de indícios de irregularidades em contratos da prefeitura com a construtora de Klaus, Iguatemi, e a seguradora de seu filho Muriel, Plena, a oposição iniciou a coleta de assinaturas para a “CPI das licitações”.
“Há indícios fortes de irregularidades apontados pelo Tribunal de Contas do Estado, pelo Ministério Público e pela imprensa. Diante disso e para poder investigar a fundo essa situação, estamos propondo a CPI”, disse a líder da oposição, vereadora Noêmia Rocha (PMDB).
A líder da bancada do PT, professora Josete, disse que a proposta da CPI não irá restringir-se apenas ao caso Klaus. “O problema com as licitações é um dos mais graves da atual administração. Nesta CPI, queremos buscar informações sobre a licitação do transporte, do lixo, da iluminação pública, dos radares”, declarou.
Questionado na semana passada sobre a possibilidade de uma CPI, o presidente da Câmara, João Cláudio Derosso (PSDB), que admitiu a possibilidade de fogo amigo nas denúncias contra a prefeitura, disse ser contra.
“CPI é só para se criar notícia. As respostas que eles querem podem vir com pedidos de informação e convites para audiências com os secretários”. Mas o vereador Pedro Paulo (PT) disse que a CPI está sendo proposta justamente pelo insucesso das ações anteriores. “As respostas aos pedidos de informação estão vindo incompletas e fora do prazo. A CPI é a opção correta para se esclarecer tudo.”
A bancada de oposição terá dificuldade de conseguir as 13 assinaturas necessárias para implantar a CPI. Com apenas cinco vereadores, os oposicionistas terão de convencer parlamentares de base de apoio para ver a CPI vingar.
“Quem não deve não teme. A prefeitura pode aproveitar para provar sua inocência através dela, embora os indícios digam o contrário”, disse o vereador Jonny Stica (PT). A bancada tentará as assinaturas dos três vereadores do PV e do vereador Julião (PSC), que declarou que irá aguardar orientação do partido.
O líder do prefeito na Câmara, Mario Celso (PSB) classificou de factóide vazio e politiqueiro a tentativa de CPI. “É um factóide vazio, infundado, politiqueiro, que pretende apenas confundir”, afirmou Mario Celso, que distribuiu cópias com as informações de todos os contratos para os vereadores no plenário da Câmara.
A prefeitura, em nota, informou que a Iguatemi foi contratada em processos legais e que todas as informações a respeito dos contratos com a empresa à Assembléia Legislativa e à imprensa estão à disposição de vereadores, cidadãos e quaisquer outros interessados.