Sabatinados por empresários da Confederação Nacional da Indústria (CNI) antes da presidente Dilma Rousseff, nessa quarta-feira, 30, os presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), afirmaram que a economia brasileira está parada e a indústria se estagnou desde 2009. “Não espere em nosso governo plano A, ou plano ‘Brasil Melhor.’ Espere do meu governo uma regulação clara dos mercados”, disse o candidato tucano aos empresários.
Aécio e Campos tentaram se apresentar como a solução para o País, já que, para os dois, com o atual governo não é possível restabelecer a confiança do investidor no Brasil. “Ou mudamos ou vamos jogar fora a chance que custou tanto trabalho da gente brasileira. A sociedade quer que baixe a carga tributária de 37%”, disse Campos.
Os dois convergiram em apenas duas propostas, que detalharam com maior precisão. Uma delas é a de reforma tributária que simplifique os impostos e adote o Imposto de Valor Agregado (IVA) – um tributo único que incidiria sobre o consumo. Campos disse que encaminharia ao Congresso a proposta na primeira semana de governo. Outro ponto de convergência foi a política externa. Ambos avaliam que é necessária uma agenda mais comercial e menos ideológica, que privilegie acordos bilaterais. Deixaram claro que o Mercosul não terá a mesma prioridade dada por Dilma.
CLT
Indagados se patrocinarão mudanças na Consolidação das Leis do Trabalho, que, segundo a CNI, tem cláusulas ultrapassadas, Dilma e Campos disseram que é preciso patrocinar um diálogo entre trabalhadores, governo e empresários, mas rejeitaram alteração em direitos como o 13.º salário e as horas extras. “Minha história de vida não me permite tirar direito de trabalhadores”, afirmou Campos.
“Não é possível rasgar conquistas como o 13.º e as horas extras”, disse a presidente. Ela afirmou que não é contra a terceirização, mas rejeita a precarização das condições de trabalho. Aécio não foi questionado sobre o tema.
Na parte mais política do evento, Campos associou os adversários a “grupos políticos atrasados”. O tucano e o ex-governador acusaram o governo Dilma de aparelhar a administração federal para manter a base de sustentação no Congresso. Disseram que, se eleitos, vão reduzir o número de ministérios – Campos, pela metade, Aécio, de 39 para entre 21 e 23 – e cortar parte dos 22 mil servidores comissionados que, segundo eles, só servem para aparelhar a máquina. (Colaboraram Daiene Cardoso, Nivaldo Souza, Ricardo Della Colletta, Ricardo Brito e Rafael Moraes Moura). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.