Senadores da oposição anunciaram nesta quarta-feira que vão pedir uma auditoria das despesas médicas do Senado dos últimos anos. A decisão, que conta com o apoio do vice-líder do PSDB, Álvaro Dias, e dos senadores Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), ocorre após o Grupo Estado revelar no domingo (17) uma explosão de gastos com assistência médica de senadores, funcionários, ex-parlamentares, familiares e dependentes. O Senado gastou R$ 115,2 milhões em 2012 com essas despesas, um aumento de 38% em relação ao ano anterior. Em dez anos, o gasto consumiu mais de meio bilhão de reais.
“É absurdo senador ter plano de saúde até o final da existência dele. O plano de saúde deve ser para a existência do senador na condição de senador”, criticou Randolfe, referindo-se à vitaliciedade no pagamento de despesas médicas para ex-parlamentares. Senadores na ativa têm direito a gastos ilimitados para assistência de saúde.
A Mesa Diretora do Senado ignorou nesta quinta-feira o aumento dos gastos. O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), primeiro-secretário do Senado, afirmou que a reportagem nem sequer foi tratada na reunião. Nenhuma medida adicional foi anunciada pelos integrantes da Mesa. Espécie de “prefeito” do Senado, Ribeiro disse que, por ora, a Casa vai apenas manter o ato que acabou com o serviço ambulatorial. A medida, que já havia sido anunciada no final de fevereiro pelo presidente Renan Calheiros (PMDB-AL), prevê uma economia de apenas R$ 6 milhões em dois anos. O orçamento de 2013 prevê um gasto de R$ 105,2 milhões. Para ele, é redundante a Casa pagar um plano de saúde e ao mesmo tempo ter um serviço médico ambulatorial e de emergência – o último será mantido.
“O funcionário paga o plano de saúde, não usa o plano de saúde, o plano de saúde não ressarci o Senado pelas consultas feitas, que é custo dele”, afirmou Flexa. “É um absurdo gastar mais do que um hospital universitário dentro de um serviço de saúde do Senado”, admitiu o tucano, referindo-se ao fato de que, em 2012, o orçamento da Casa para essa despesa superou o do Hospital Universitário de Brasília (HUB), de R$ 88,7 milhões.