A bancada de oposição na Câmara Municipal de Curitiba estuda um pedido de CPI para apurar as denúncias apresentadas domingo, no programa Fantástico, da Rede Globo, que exibiu gravação em que dissidentes do PRTB distribuem dinheiro aos candidatos a vereador do partido que desistiram de disputar as eleições para apoiar a reeleição de Beto Richa (PSDB).
Manassés Oliveira e Alexandre Gardolinski, até quinta-feira funcionários municipais, coordenaram a desistência e desfiliação de um grupo de 29 candidatos a vereador do PRTB que não concordou com o apoio do partido à candidatura de Fábio Camargo à prefeitura, articulada pela direção estadual da legenda.
Os dissidentes fundaram um comitê independente de apoio a Beto. Ao saber do vídeo, na quinta-feira, o prefeito exonerou Manassés, Gardolinski e Raul D’Araújo Santos, que também aparece na gravação.
Além da CPI, a oposição emitiu ofício exigindo a demissão imediata de outros quatro comissionados da prefeitura pertencentes ao grupo dissidente do PRTB, entre eles o ex-vereador Mestre Déa. Também foi enviado ofício à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal, solicitando informações sobre as providências tomadas no caso.
“Está mais do que claro que o escândalo da troca de favores entre o prefeito Beto Richa e os ex-candidatos do PRTB tem elementos suficientes para configurar o caso como crime, além da responsabilização do prefeito, pois, a partir do momento em que Richa aparece no vídeo de inauguração do Comitê da Lealdade e apresenta Alexandre Gardolinski como o coordenador desta ‘nossa casa’, conforme suas palavras, legitima os crimes praticados”, declarou o vereador Pedro Paulo (PT).
Em coletiva na tarde de ontem, os coordenadores financeiro e jurídico da campanha de Beto, Fernando Ghignone e Ivan Bonilha, desqualificaram a “tentativa de colar essa conduta à campanha e à imagem do prefeito”.
Ghignone disse que a conduta do comitê dissidente não atinge a campanha de Beto, “pois era um comitê independente e voluntário, sem relação com os 15 comitês oficiais. O único dinheiro que podem ter recebido da campanha, foi de reembolso de gasolina, alimentação e material gráfico”, disse.
Bonilha emendou que, “na época do vídeo Beto Richa tinha mais de 70% das intenções de voto enquanto o candidato oficialmente apoiado pelo PTB não somava 1%. Seria burrice qualquer atitude que oferecesse risco jurídico a uma campanha que se conduzia fácil para a vitória”.
O líder do prefeito na Câmara, Mario Celso Cunha (PSB) disse que não haverá CPI na Casa. Como são necessárias 13 assinaturas para pedir CPI e a oposição tem apenas cinco vereadores, ela só sai se membros da bancada do prefeito dar apoio.
“Não vamos aceitar provocações políticas e nem tentativas de se fazer disso um palanque político. Já existe um processo em andamento no Ministério Público, que deverá esclarecer os fatos”, disse.