Oposição manobra e abre CPI da Petrobras no Senado

Um cochilo do governo, somado à rebelião de aliados, permitiu ontem que a oposição conseguisse pôr de pé o plano de abrir uma CPI para investigar denúncias de irregularidades na Petrobras. Surpreendido com a leitura de requerimentos para criação de duas CPIs contra a petrolífera estatal no Senado, o Palácio do Planalto desencadeou uma operação para retirar as assinaturas e abafar as investigações. À noite, porém, o saldo indicava a derrota do governo, que não conseguiu abortar as CPIs, uma arma perigosa à disposição da oposição num ano pré-eleitoral.

A CPI proposta pelo senador tucano Álvaro Dias (PR) contava originalmente com 32 assinaturas, cinco a mais do que o necessário – com menos de 27 uma comissão não pode ser instalada. Para barrar as apurações, o Planalto trabalhou para que pelo menos seis senadores – metade deles do DEM – voltassem atrás, mas não obteve sucesso. Apenas Cristovam Buarque (PDT-DF) e Aldemir Santana (DEM-DF) retiraram o apoio à CPI proposta por Dias. Dias aproveitou o confronto entre a Petrobras e a Receita Federal para solicitar a apuração da medida contábil que rendeu à estatal compensações fiscais de R$ 4 bilhões. De quebra, pediu investigação na Agência Nacional do Petróleo (ANP).

O segundo requerimento de investigação da estatal – que possuía as assinaturas necessárias desde 2007 – é de autoria do senador Romeu Tuma (PTB-SP). Integrante da base aliada e insatisfeito com o governo, Tuma insistiu na apuração de denúncias de fraude em licitações e contratos de plataformas. Com a ação do governo, a CPI do Tuma perdeu ontem cinco das 32 assinaturas. Ainda insuficiente para abortá-la.

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