Senadores da oposição anunciaram hoje que ingressarão na Procuradoria-Geral da República, amanhã, com 18 representações apontando irregularidades cometidas pela atual administração da Petrobras e algumas de suas subsidiárias. O anúncio foi feito pelos senadores Sérgio Guerra (PSDB-PE), Antonio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA) e Alvaro Dias (PSDB-PR), únicos titulares da oposição na CPI da Petrobras. Eles anunciaram, também, que não participarão mais da CPI.

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As representações abordam, entre outros assuntos, denúncias de superfaturamento na construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, que, na avaliação de Álvaro Dias, é a irregularidade “mais gritante”. Dados da assessoria técnica do partido afirmam que o superfaturamento da obra se aproxima de US$ 2 bilhões.

Outro assunto abordado pelas representações é o fato de que menos de um ano depois de serem denunciadas pelo Ministério Público por suspeita de fraudes em licitações e contratos de reforma de plataformas petrolíferas, três empresas envolvidas na Operação Águas Profundas da Polícia Federal voltaram a firmar contratos com a Petrobras. Somadas, as contratações totalizam cerca de R$ 2,3 bilhões.

O senador Álvaro Dias, autor do requerimento de criação da CPI da Petrobras, explicou que a oposição desistiu das investigações na CPI porque foi impedida de ter acesso a contratos, prestações de contas e inquéritos policiais. Além disso, segundo o senador, a comissão era realizada sempre em “horário impróprio”, coincidindo com as sessões plenárias, o que impedia a transmissão das reuniões pela TV Senado.

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“A CPI foi instalada, mas não funcionou. As pessoas foram escolhidas a dedo pelo governo. A relatoria não permitiu que nós falássemos com funcionários de baixo escalão da estatal. A CPI foi palco para narrativas técnicas conceituais que passaram longe das grandes denúncias”, disse Dias. “Fomos impedidos de ter acesso a contratos, prestações de contas, inquéritos policiais. Os requerimentos foram rejeitados em bloco. A reunião acontecia em horário impróprio. Foi uma encenação comandada pelo governo, um verdadeiro desrespeito à oposição”, complementou.

Álvaro Dias ainda acusou o presidente Lula de estar por trás da blindagem feita pela base governista contra as investigações envolvendo a Petrobras. “Lula comandou este processo. Sabe por quê? Porque o escândalo é descomunal. E o rombo na Petrobras com todas as irregularidades é imensurável”, disse.

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O senador Sérgio Guerra disse também que a Petrobras aumentou a verba com publicidade a partir de agosto, quando foi instalada a CPI. “E essa movimentação toda por causa de três brasileiros sentados ali, que sequer puderam aprovar uma convocação”, disse o senador. “A gente nunca quis atrapalhar a vida da Petrobras porque atrapalhar a vida dela é atrapalhar a vida de milhares de acionistas. Nós queremos uma Petrobras forte, mas não queremos uma Petrobras que não seja investigada”.