As forças de oposição ao governo estão à espera de uma definição sobre possíveis mudanças na legislação eleitoral antes de fazer seus movimentos decisivos para montar o seu palanque do próximo ano. PSDB, PFL e PDT aguardam a decisão da Câmara dos Deputados sobre as mudanças na legislação eleitoral, sobretudo o fim da verticalização das coligações, e também por definições pessoais de suas principais lideranças.
O presidente estadual do PSDB, deputado Valdir Rossoni, disse que, por enquanto, os partidos estão apenas se agrupando em torno da tese central, que é constituir uma frente de oposição à reeleição do governador Roberto Requião (PMDB). Mas a posição de cada partido mal começou a ser esboçada, já que os tucanos têm seus próprios percalços internos a resolver antes de se abrirem às negociações com os aliados.
"Estamos à espera, mas estamos espertos", avisou Rossoni, que faz parte do grupo que prega a aliança com o PDT, em que o senador Osmar Dias seria candidato ao governo. Para o dirigente tucano, declarações do senador Alvaro Dias garantindo que não apresenta seu nome ao Palácio Iguaçu se o irmão topar a parada de concorrer ao governo trouxeram alívio a Rossoni. "Acho que essa decisão do Alvaro facilitou tudo", afirmou.
Mas não é bem assim. Alvaro pode abdicar de uma candidatura ao governo em favor do irmão, mas dificilmente abriria mão de uma candidatura ao Senado, em favor do presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão, que também postula a indicação. Por sua vez, Brandão não parece disposto a entregar os pontos e já disse mais de uma vez que vai disputar a vaga na convenção.
Carta na manga
Rossoni acha que tudo se resolve no decorrer das negociações e que a oposição a Requião tem uma carta na manga para fazer frente ao potencial do adversário. "Temos bons candidatos à presidência da República", disse o presidente estadual do partido, referindo-se aos governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin, de Minas Gerais, Aécio Neves, e ao prefeito de São Paulo, José Serra. Para o tucano paranaense, uma boa chapa à sucessão presidencial "puxa" o candidato ao governo para a vitória.
Aliados como o PFL observam as definições tucanas antes de apresentar sua proposta de participação na frente. Os pefelistas dizem que não podem abrir mão de uma participação na chapa majoritária e que isto é condição para se sentar à mesa de negociações. Mas também não é assim tão radical. "Achamos que projetos individuais não podem se sobrepor ao objetivo maior, que é disputar e ganhar o governo", comentou o vice-presidente estadual do partido, Durval Amaral. O PDT vive dias silenciosos. O senador Osmar Dias esteve afastado da cena política nos últimos vinte dias. O deputado estadual Augustinho Zucchi, que assumiu provisoriamente a presidência do partido, disse que está tudo sob controle. E também ressaltou a manifestação de Alvaro dizendo que não disputa a indicação ao governo com o irmão. "Isso é a prova do que nós sempre acreditamos. Esta disputa não vai haver", afirmou o deputado.