Sem a presença do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), oposição e movimentos sociais protocolaram na manhã desta quinta-feira, 8, o segundo pedido de impeachment do presidente da República, Michel Temer. Maia, que receberia o requerimento pessoalmente, foi para o Palácio do Planalto e nenhum membro da Mesa Diretora recebeu o pedido de abertura do processo de afastamento.
Sob protestos da oposição e dos movimentos, o pedido foi entregue ao Secretário Geral da Mesa, o servidor Wagner Padilha. “Nenhum deputado teve a dignidade de receber”, criticou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas. O grupo esperou por mais de meia hora a chegada de Maia e, insatisfeitos com a espera, transformaram o gabinete da presidência da Câmara em palco de protesto pelo “Fora Temer, Diretas Já”.
Apoiado por PT e PCdoB, o pedido de impeachment se baseia na acusação de que o presidente da República cometeu crime de responsabilidade ao patrocinar a advocacia administrativa no episódio envolvendo os ex-ministros Marcelo Calero (Cultura) e Geddel Vieira Lima (Governo).
Os juristas que ajudaram a elaborar o documento dizem que Temer atuou para resolver um problema privado de Geddel ao trazer para o governo o imbróglio envolvendo a liberação para construção de um prédio em Salvador (BA), onde Geddel comprou um imóvel. “O presidente atuou de forma indecente para proteger um subordinado”, declarou o professor da Universidade de Brasília, Marcelo Neves.
O grupo pregou não só o afastamento de Temer como a aprovação de uma proposta que permita a eleição direta para presidente da República. Em discurso, o professor da UNB disse que o País não pode ter outro presidente biônico se Temer for afastado. “Queremos diretas já! O povo brasileiro quer votar”, defendeu.
O pedido de impeachment é assinado por Alexandre Conceição (MST), Carina Vitral (UNE), Carolina Tokuyo (Fora do Eixo), Carolina Proner (jurista), Clayton (Mídia Ninja), Denildo (Comunidades Negras Rurais Quilombolas), Edson da Silva (Intersindical), Gabriel dos Santos (ANPG), Guilherme Boulos (MTST), Ivanete Oliveira (Unegro), Juvelino Strozacke (jurista), Leonardo Yarochevsk (jurista), Luana Pereira (Levante Popular), Lúcia Rincón (UBM), Marcelo Neves (jurista), Raimundo Bonfim (CMP), Sonia Bone (APIB) e Vagner Freitas (CUT).
O primeiro pedido de afastamento após o episódio Geddel foi apresentado pelo PSOL. O requerimento até hoje não foi analisado pela presidência da Câmara.