Oposição do PMDB lança Requião à Presidência

Contrariando a resolução da executiva nacional do PMDB, que decidiu não lançar candidato próprio à Presidência da República, a ala oposicionista do partido registrou na tarde de ontem a candidatura do senador Roberto Requião para disputar a convenção nacional, no próximo sábado.

A decisão foi tomada ontem, em Brasília, na casa do senador José Sarney, com a presença dos senadores Pedro Simon e Maguito Vilela, do secretário de Governo de Minas Gerais e representante do governador Itamar Franco, Alexandre Dupeyrat, do ex-governador de São Paulo, Orestes Quércia, e do ex-presidente nacional da legenda, Paes de Andrade.

A pré-candidata a vice também já foi escolhida. Trata-se de Alda Marcoantônio, vice-presidente do PMDB de São Paulo. “Registrei minha candidatura à presidência da República, e terei como vice a Alda, que é uma técnica, ex-secretária do Trabalho do Franco Montoro (ex-governador de São Paulo), e ex-secretária de Estado do Quércia”, explicou Requião. “Vamos à convenção porque este é o apelo de pessoas que não se conformam com a decisão nacional. Queremos dar uma unidade ao partido”, afirmou.

A ala governista do PMDB já havia decidido em não lançar candidato próprio, e apresentou o nome da deputada federal Rita Camata como vice do senador José Serra (PSDB). “Não estamos oferecendo apenas uma opção para o partido. Mais que isso, queremos apresentar uma alternativa para o Brasil, livrando o nosso país da crise e das perigosas armadilhas construídas pela política econômica dos tucanos”, disse Requião.

Em busca de votos

Para concretizar sua candidatura à Presidência, o senador terá que conquistar, até sábado, os delegados do partido. Ontem mesmo os principais líderes do PMDB iniciaram uma série de telefonemas e contatos com os diretórios estaduais, e verificaram que a tese da candidatura própria continua com larga aceitação. Requião afirmou ainda que a candidatura própria do PMDB à Presidência libera os Estados para que façam as coligações de suas conveniências, já que nacionalmente o partido vai ‘solteiro’.

Para o senador, sua candidatura é uma nova opção aos eleitores. “Terei a possibilidade de oferecer ao País uma proposta alternativa de desenvolvimento econômico, diversa do caminho neo-liberal, entreguista e excludente que se impôs nesses últimos oito anos”. Requião disse que quer aproveitar a campanha eleitoral para discutir com o País um novo rumo, “antes que a crise nos transforme em uma nova Argentina”.

De acordo com o senador, da mesma forma que o governo segurou artificialmente o câmbio fixo às vésperas da eleição de 1998, para reeleger Fernando Henrique, o governo federal está fazendo de tudo para encobrir o problema do descontrole da dívida pública brasileira. Segundo ele, nesses quase oito anos de governo FHC, a dívida pública interna saltou de 61 bilhões para quase 700 bilhões de reais, graças à política de juros vigente.

Caso Roberto Requião não seja confirmado como candidato ao Palácio do Planalto, ele poderá retomar sua candidatura ao governo do Paraná, já que a convenção estadual está marcada para o dia 29.

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