Após uma série de reuniões, partidos da oposição decidiram obstruir a sessão destinada a votar a denúncia por corrupção passiva apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer. A estratégia pode ser revista durante o dia, mas, pelo menos na sessão marcada para o período da manhã, os deputados oposicionistas não devem marcar presença para testar a força do governo e verificar o tamanho da base de Temer na Câmara. Está prevista até uma “passeata” no Salão Verde da Câmara pedindo a saída do presidente.

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O primeiro desafio dos governistas será colocar 257 parlamentares em plenário e aprovar um requerimento para encurtar a discussão na Casa. Para dar início a votação, o quórum exigido é ainda maior: 342 deputados. O governo admite que, sem a ajuda da oposição, não conseguirá alcançar esse número, o que poderá inviabilizar a votação.

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Também faz parte da estratégia da oposição empurrar a votação para o período da noite, para que a sessão tenha mais visibilidade. “Votar a denúncia à noite é fundamental para que o trabalhador acompanhe”, disse o líder da minoria na Casa, deputado José Guimarães (PT-CE).

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A estratégia, no entanto, divide a oposição e o partido que mais resiste a apoiar a ideia de obstruir a sessão é justamente o PT, que conta com 58 deputados. Maior liderança da sigla, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que petistas comparecessem ao plenário.

“Qualquer que for a decisão de vocês, é importante ter em conta que nesse lenga-lenga de se vota o processo do Temer, se não vota, é preciso que a nossa bancada fique atenta à situação do povo brasileiro. Porque, enquanto se briga no Congresso Nacional, o desemprego cresce, o salário cai e a dificuldade do povo aumenta”, disse o petista em um bate-papo com o deputado Wadih Damous (PT-RJ) transmitido pelo Facebook.

Apesar da recomendação de Lula, a bancada do PT decidiu, em reunião realizada ontem à tarde, que vai obstruir a votação pelo menos durante a manhã e depois iria analisar a situação “a cada momento”.

Peregrinação

Um dos mais ferrenhos defensores da abertura da investigação contra Temer, o deputado Sílvio Costa (PT do B-PE) chegou a ir até o plenário onde os petistas estavam reunido para tentar convencê-los a não marcar presença. “Deputado que marcar presença vai estar fazendo o jogo do presidente Michel Temer. É uma oposição do Paraguai”, disse Costa, que tentou convencer até mesmo deputados do PSDB que são a favor do desembarque do partido do governo a participar da estratégia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.