A estratégia da oposição para conter a anulação do processo de impeachment é pressionar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a ignorar a decisão tomada pelo presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA). Senadores do PSDB e DEM defendem que a Câmara não possui mais autoridade sobre o processo de impeachment e que Renan não precisa aguardar qualquer decisão, seja dos deputados ou do plenário, mas apenas ignorar o fato.

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“Trata-se de matéria preclusa na Câmara dos Deputados. Cabe agora ao Senado Federal dar andamento ao processo que ali já se encontra. Confiamos que essa será a decisão do presidente do Senado e da Mesa Diretora”, disse o presidente do PSDB, Aécio Neves (MG). Esta também é a interpretação defendida pelo líder do partido no Senado, Cássio Cunha Lima (PB).

“A Câmara não tem mais instância sobre o processo de impeachment. A decisão do presidente da Câmara é absolutamente esdrúxula e invade a competência do Senado”, argumentou Cássio, defendendo que o Senado dê prosseguimento à votação de afastamento da presidente, que está agendada para a próxima quarta-feira, 11.

O líder do Democratas, Ronaldo Caiado (DEM-GO), seguiu a mesma linha dos tucanos, pedindo que Renan simplesmente ignore qualquer mensagem da Câmara dos Deputados. Ele também defendeu que a decisão do plenário é soberana, e que o presidente da Câmara não pode anular uma votação realizada pelo conjunto de deputados.

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No momento, os líderes de partidos no Senado se reúnem na residência oficial do presidente do Senado, com Renan Calheiros, que chegou nesta manhã de Alagoas. Mais cedo, a assessoria técnica do Senado informou que a Casa não tomaria qualquer ação institucional, como devolver o processo de impeachment, até que Renan voltasse a Brasília e desse suas próprias orientações.

Nesta manhã, Waldir Maranhão anulou a votação realizada em 17 abril, no plenário da Câmara, determinou que o Senado Federal devolva o processo e que uma nova votação seja realizada. Ele atendeu a um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU). De acordo com a nota divulgada por Maranhão, ele entendeu que os partidos não podiam fechar questão e orientar a bancada sobre o impeachment. Ele também informou que os parlamentares não podiam ter anunciado publicamente o voto e que a defesa não poderia deixar de falar por último na Câmara. O resultado da votação também deveria ser formalizado por resolução.

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