A oposição na Câmara dos Deputados acredita que a situação do deputado Luiz Argôlo (SDD-BA) “se complica ainda mais” com as suspeitas da Polícia Federal, reveladas nesta sexta-feira pelo jornal O Estado de S. Paulo, de que o parlamentar ajudou o doleiro Alberto Youssef a chegar à Petrobras. Segundo relatório da PF, o baiano “agendou uma reunião” entre o doleiro e o diretor de Abastecimento da estatal, José Carlos Cosenza. Deputados devem apresentar um convite na próxima semana para que o dirigente explique os eventuais encontros com Youssef.
O contato integra o relatório da Operação Lava Jato e mostra uma troca de mensagens do dia 18 de setembro de 2013 entre Argôlo e Youssef tratando de um encontro com o diretor da estatal. “Todos os envolvidos em denúncias devem se explicar. Nesse caso, cabe ao diretor responder publicamente”, defende o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), que pretende convidar Cosenza para um depoimento na Casa.
As denúncias contra Argôlo, que começaram a surgir no início do mês, desencadearam a instauração de um processo de cassação contra ele, ontem, no Conselho de Ética da Câmara. “A situação dele é muito delicada e só se complica. Os indícios são muito fortes e, ao apresentar sua defesa, ele vai ter que se defender e apresentar razões e justificativas muito consistentes”, disse o líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE). “Como deputado, faltou não só com decoro, mas está enriquecendo através de ilícitos”, avaliou Bueno, que classifica como “irreversível” o caso do deputado.
Convidado, Consenza pode se recusar a comparecer à Câmara para falar do caso – apenas convocações são obrigatórias. O dirigente sucedeu o engenheiro Paulo Roberto Costa, em 2012. Costa foi preso pela Lava Jato no dia 20 de março de 2014. Ele e Youssef são apontados como os líderes de uma organização criminosa que teria se infiltrado na Petrobras para desvio de recursos e corrupção.
A PF não atribui atos ilícitos a Cosenza, mas seu nome consta no relatório. “Existem indícios de que ‘LA’ agendou uma reunião entre Yousseff e José Carlos Cosenza, possivelmente para tratar de algum assunto relacionado às operações de Yousseff junto à empresa”, afirma a Polícia Federal. Em nota, a Petrobras declarou que o diretor de Abastecimento não conhece o doleiro Yousseff, nem manteve contato com o deputado Luiz Argôlo.