O PDT e o PFL estão ameaçando se retirar da CPI do Grampo, cuja instalação foi adiada para a próxima segunda-feira, 27, na Assembléia Legislativa. O líder da bancada de oposição, deputado Valdir Rossoni (PSDB), defendeu que os deputados Plauto Miró Guimarães (PFL) e Luiz Carlos Martins (PDT) abdiquem da vaga na Comissão. Rossoni acha que o governo tomou conta da CPI e que a oposição ficou relegada a um papel de coadjuvante para dar suporte a uma investigação que fugiu ao foco inicial da proposta.
A oposição queria direcionar a CPI para investigar a conexão entre o Palácio Iguaçu e o policial civil Délcio Razera, preso sob a acusação de comandar um esquema de escuta telefônica clandestina. A bancada governista foi mais rápida e protocolou antes o requerimento de instalação da CPI, estendendo as investigações para o período do governo Lerner, quando também o assunto foi tema de uma CPI, que acabou suspensa por decisão judicial. Em 2001, o governo Lerner foi acusado de dispor de um sistema de escuta ilegal para espionar adversários políticos.
O deputado Nereu Moura (PMDB) acha que a oposição está querendo arranjar uma desculpa para abandonar a idéia, já que não conseguiu começar os trabalhos durante a campanha eleitoral. ?A oposição só queria era usar a CPI politicamente para desgastar o governo. Agora que passou a eleição, não interessa mais?, disse o peemedebista.
A proposta de CPI foi apresentada durante o segundo turno da campanha eleitoral. Mas a Assembléia fez uma espécie de recesso branco em outubro e a maioria das sessões foi suspensa.
Sem tempo
O deputado Plauto Miró Guimarães disse que na próxima segunda-feira, o bloco de oposição se reúne para decidir se participa ou se afasta da CPI. ?O bloco vai conversar porque em quinze dias não se consegue investigar doze anos?, afirmou.
Outros partidos de oposição integram a CPI. Mas a começar pelo PSDB, seus representantes são alinhados ao governo. O tucano indicado foi Milton Puppio, que apoiou o governo durante a campanha eleitoral e está na base de apoio do Palácio Iguaçu. Duilio Genari (PP) e Jocelito Canto (PTB) também são alinhados ao governo, embora integrem partidos que fazem oposição. Com isso, o governo terá maioria na CPI, podendo indicar o presidente e o relator dos trabalhos. O PMDB pretende escolher Canto como relator.
Impasse
Enquanto a oposição decide o que fazer, a Mesa Executiva da Assembléia Legislativa vai protelando a instalação da CPI. Ontem, o vice-presidente da Casa, Pedro Ivo Ilkiv (PT), disse que precisava da assinatura de todos os integrantes da CPI e sua posterior publicação no Diário da Assembléia, antes de abrir formalmente os trabalhos da CPI.
Outro ponto ainda nebuloso é a duração da CPI. O Regimento Interno prevê um prazo de 120 dias para a conclusão dos trabalhos. Mas há divergências sobre a possibilidade de continuação das investigações no próximo ano, quando começa uma nova legislatura com novos deputados. Para Moura, a CPI acaba este ano, mas pode ser recriada em 2007, desde que seja apresentado um novo requerimento.
