Depois de passar os três primeiros meses do governo Dilma Rousseff amargando derrotas no Congresso e atravessando graves crises internas, os partidos de oposição ensaiam uma tentativa de reorganização. Por enquanto, a oposição formou um ‘novo’ partido, o POB, Partido da Oposição Branda, que criou menos problemas ao Planalto do que os próprios governistas – a começar pelo PDT.
Mas a ideia é deixar esse comportamento moderado para trás a partir de agora. PSDB e DEM terão eleições entre março e maio para homologar seus novos dirigentes e já planejam aumentar o tom crítico ao governo. O plano é tentar expor publicamente os problemas da administração da presidente Dilma Rousseff e endurecer o relacionamento com o governo em plenário, com obstruções regimentais (como nas MPs 508 e 509, de créditos suplementares).
O grande problema para a oposição tem sido “curar as feridas” provocadas pela terceira derrota seguida na disputa presidencial. O PSDB ainda administra os efeitos da divergência interna que levou à candidatura presidencial do ex-governador de São Paulo José Serra em detrimento da então governador mineiro Aécio Neves.
Com a derrota de Serra para Dilma, Aécio ganhou força para postular a vaga em 2014, mas Serra trabalha por uma nova candidatura e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também surge como uma opção. Também ajuda a dividir o partido o fato de, em maio, o PSDB escolher seu presidente. A tendência é que o deputado Sérgio Guerra (PE) seja mantido no posto, com apoio de Aécio e, possivelmente, de Alckmin – mas o próprio Serra poderá também ser indicado para o cargo.
Racha sério
No Democratas, o racha foi ainda mais sério, mas se aproxima de um desfecho. Um grupo dissidente, liderado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, tentou assumir o controle da legenda, mas acabou derrotado. Em 15 de março, o senador José Agripino Maia (RN) será escolhido presidente e já sabe que parte dos insatisfeitos do partido deixará a legenda, a começar por Kassab.
A “nova fase” da oposição começou com a iniciativa de questionar na Justiça a aprovação pelo Congresso do uso de um decreto presidencial para regulamentar o reajuste do valor do salário mínimo. Apesar da baixa probabilidade de reverter a decisão, o movimento teve o caráter mais emblemático de tentar fustigar o governo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.