O desfecho da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Cartões Corporativos aponta uma tendência do Congresso de esfriar investigações desse tipo. Por conta do fracasso da CPI dos Cartões, que está prestes a encerrar suas investigações sem fazer nenhuma grande descoberta de irregularidade, representantes da oposição já admitem que devem abrir mão de propor investigações desse tipo por um longo período.
Escaldado pelos efeitos políticos devastadores produzido pela CPI dos Correios, encerrada em 2006, sobre o mensalão, o governo reorganizou sua base de apoio para abafar as investigações em torno do uso irregular dos cartões de crédito corporativos por servidores públicos, ministros e assessores.
Com uma base de apoio amplamente majoritária e formada por nada menos que 14 partidos, os líderes governistas indicaram para compor a CPI apenas parlamentares extremamente fiéis ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Assim, neutralizaram os trabalhos da oposição e deram o tom do que pode se tornar no futuro qualquer pedido de CPI que provoque desconforto no governo.
?Acho que dificilmente a CPI dos Correios teria produzido o resultado que teve se tivesse sido instalada hoje?, avalia o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), relator daquela comissão.
Desmoralização
?A solução é dar um tempo nas CPIs. Essa é a saída para que elas voltem a se fortalecer como um instrumento institucional do Congresso. Porque, depois de aprender com os efeitos da CPI dos Correios, o governo mudou de estratégia e passou a ter como tática a desmoralização das CPIs?, explica Álvaro Dias, para quem a abertura da comissão representou ?um fracasso anunciado?.