Os antigos administradores do Banco BVA informaram nesta quinta-feira, 9, que “jamais” mantiveram contato com grupos acusados pela Polícia Federal de fraudar decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão que julga débitos de contribuintes com a Receita Federal. Em nota, os ex-dirigentes explicaram que nunca autorizaram “ninguém a tratar, em seu nome, de qualquer assunto pertinente à instituição”, que está em processo falimentar.
Conforme reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo nesta quinta-feira, 9, a Polícia Federal suspeita que o grupo acusado de vender decisões no Carf, alvo da Operação Zelotes, também negociava sentenças judiciais. Nas escutas feitas com autorização da Justiça, investigados foram flagrados tratando do suposto pagamento de uma liminar, por R$ 60 milhões a R$ 80 milhões, em favor do BVA.
O objetivo seria reverter ordem que decretou a falência da instituição financeira, após um período de intervenção do Banco Central. Um dos envolvidos seria o ex-conselheiro Edison Pereira Rodrigues. “O BVA repudia com veemência ter tido seu nome envolvido na denúncia de supostos atos ilícitos, tese que emerge de escuta telefônica”, protestaram os ex-administradores.
Os ex-dirigentes do banco anunciaram que vão promover interpelação criminal contra Rodrigues para que explique “que autoridade estaria representando na afirmada venda de ‘liminares’ e, ainda, quais pessoas se apresentaram para essa suposta negociação”.
As escutas citam um interlocutor de Rodrigues na negociação, identificado apenas como “Marcos”. “Com certeza, essa pessoa não está constituída para atuar nas nossas ações”, explicou, nesta quinta, o advogado do BVA, Cristiano Zanin Martins.
Os ex-dirigentes do banco também vão pedir ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e ao Ministério Público que investiguem a afirmação de que autoridades estariam em tratativas visando à venda de decisões judiciais. “É com perplexidade que o BVA enfrenta, mais uma vez, distorções profundas dos fatos no enfrentamento do seu processo de falência, decretada em 2014 pelo Banco Central. A referida falência foi feita por meio de pedido formulado por agentes da autarquia com evidente manipulação dos números da instituição.
“O Banco BVA esclarece que acredita na força dos fundamentos jurídicos utilizados nas providências judiciais já intentadas e, ainda, na lisura dos magistrados competentes para analisá-los”, acrescentou a nota.