O ex-delegado da Receita Estadual em Londrina Marcelo Müeller Melle foi preso pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na manhã de ontem em Cornélio Procópio. O nome do ex-delegado foi confirmado pelo delegado-chefe da cidade, João Manoel Garcia Alonso Filho.
Marcelo Müeller Melle saiu da chefia há cerca de um mês e teria entrado com o pedido de aposentadoria junto ao comando da Receita Estadual em Curitiba. Ele teve uma carreira curta como delegado em Londrina, assumindo a titularidade do órgão em meados de março deste ano. Naquele mês, ainda estavam no início as investigações da Operação Publicano a respeito de suspeitas de corrupção na Receita Estadual.
“Os policiais do Gaeco vieram pra cá, prenderam o Marcelo e agora vai caber à Justiça saber se ele vai ser transferido pra Londrina ou não”, disse o delegado de Cornélio Procópio, cidade onde Melle estava morando após pedir há cerca de um mês a saída da chefia da Receita para se aposentar. Em seu lugar assumiu o delegado José de Carvalho Junior.
Um outro ex-delegado da Receita Estadual em Londrina também foi preso na manhã desta segunda-feira em Curitiba. Trata-se de Luis Fernandes de Paula. Assim como Melle, ele também é suspeito de cobrança de propina de empresas em pelo menos cinco oportunidades.
Aposentadoria
Em entrevista ao Jornal de Londrina em abril, o então delegado da Receita Estadual Marcelo Müeller Melle avaliou como normais os mais de 20 pedidos de aposentadoria entre os auditores de Londrina. Ao todo, havia 135 auditores lotados no órgão. Segundo ele, que também pediu pra se aposentar semanas antes de ser preso, não havia relação entre os pedidos e as investigações do Gaeco.
Lava Jato
A Justiça Federal condenou ontem o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque a 20 anos e oito meses de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa. É a mais alta pena já imposta pela Operação Lava Jato contra envolvidos no esquema de propina que se instalou na estatal. Na mesma sentença, o juiz federal Sérgio Moro condenou o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, também por corrupção, a 15 anos e 4 meses de prisão pelos crimes atribuídos a Duque. É a primeira condenação aplicada ao ex-diretor de Serviços, apontado como elo do PT no esquema Petrobrás, e também do ex-tesoureiro na Lava Jato.
Ainda cabe recurso da sentença. Os dois estão presos no Complexo Médico-Penal, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
Também foram condenados outros envolvidos no esquema, entre eles o lobista Adir Assad. O juiz federal Sérgio Moro afirma que Duque recebeu propina de R$ 36 milhões.