Operação em Jandira confisca documentos da prefeitura

Quinze mil páginas de documentos foram confiscadas hoje por um grupo de vereadores na sede da prefeitura de Jandira (Grande São Paulo), em operação de busca autorizada pela Justiça. Os parlamentares integram comissão especial de inquérito da Câmara que investiga suspeita de corrupção e fraudes em licitações na gestão Anabel Sabatine (PSDB).

Uma oficial de Justiça, acompanhada de policiais militares, comandou a batida. A ordem foi dada pelo juiz Bruno Campopiano, da 1.ª Vara do Fórum de Jandira, que acolheu petição dos vereadores – eles alegaram que a prefeitura não encaminhou ao Legislativo cópias de processos de concorrência e comprovantes de pagamentos no período de 2009 a 2011. O juiz autorizou “o uso de força policial, no caso de comprovada necessidade”.

“Ainda que não houvesse uma comissão investigativa, consistiria inarredável obrigação da edilidade fornecer todas as informações solicitadas pelo Legislativo à luz do princípio de freios e contrapesos”, anotou o juiz.

Anabel vive gestão conturbada, sob fogo da oposição. Ela assumiu em dezembro, sucedendo a Braz Paschoalin (PSDB), executado a tiros de grosso calibre. Na semana passada, a Câmara afastou-a, por 6 votos a 4, mas em 24 horas ela retomou o cargo, amparada em ordem judicial.

A missão de hoje durou mais de quatro horas. Foram vasculhadas as dependências da secretaria de Governo, dos setores jurídico, de compras, contabilidade e tesouraria. O gabinete de Anabel foi alvo da inspeção. “A prefeita estava muito nervosa, gritou com a gente e disse que até já tinha se queixado ao governador Alckmin que nós não a deixamos trabalhar”, declarou o vereador Zezinho do PT.

Os documentos encheram 30 caixas. São mais de 100 processos administrativos. Os vereadores vão pedir auditoria no acervo. Os procedimentos são relativos a compras de materiais de construção, contratos para reforma de escolas e desembolsos.

Os vereadores suspeitam que outros papéis teriam sido retirados dos arquivos antes da operação. “Muitos documentos sumiram de forma estranha”, afirma Zezinho. “Não achamos registros de contratação por R$ 4 milhões de uma empresa de reforma de prédios escolares.” Segundo ele, não foram encontrados expedientes de pagamentos.

A assessoria de Anabel disse que ela “não gritou” com os vereadores. “Foram muito bem atendidos.”

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