O chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, defendeu nesta quinta-feira, 23, as manifestações marcadas para este domingo, 26, mas afirmou que não sairá às ruas. O ministro disse que o protesto é um acontecimento da “nova cidadania” e que o governo deve apenas acompanhar e respeitar o movimento.
“Essa é uma manifestação da sociedade. Ela será apenas acompanhada e respeitada pelo governo. É da mesma maneira com as que podem ser favoráveis ou contrárias (ao governo). O que cabe a quem está no governo é ter equilíbrio, serenidade, respeito, porque é a cidadania se manifestando”, disse o ministro da Casa Civil, em entrevista à Rádio Gaúcha.
Perguntado sobre as pautas dos manifestantes que atacam o Congresso e o Judiciário, respondeu: “Não sei (quais são as reivindicações). Não fomos nós que organizamos, não fomos nós que chamamos”. Mas falou de maneira positiva sobre a mobilização: “São as pessoas que assumiram uma posição clara, política, assim como foi nos outros, espontânea, democrática, exercício de cidadania. É domingo. Nunca houve violência, ninguém tem que pagar sanduíche para alguém ir, as pessoas vão espontaneamente, empurrando carrinho de bebê e com o seu chimarrão”.
Lorenzoni garantiu que as investigações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) continuarão “sem prejuízo”, mesmo com a confirmação da ida do órgão para o Ministério da Economia: “O ministro Moro e o ministro Paulo Guedes vão continuar trabalhando em conjunto, não vai ter nenhum prejuízo para a investigação. E tem mais: a gente pode fazer uma portaria interministerial para pleno compartilhamento daquilo que não for sigilo bancário ou fiscal.”
O ministro afirmou que, nas investigações do mensalão, o conselho estava dentro do Ministério da Economia. Também disse que, em outros países, os órgãos equivalentes ficam locados nos respectivos Ministérios de Fazenda ou nos bancos centrais.
O avanço da reforma administrativa, ainda que com modificações, foi comemorado: “Com muito diálogo, tolerância, nós conseguimos garantir 95% da reforma administrativa proposta pelo presidente Bolsonaro. Nós consideramos uma vitória extraordinária, porque podia ser 0% e voltar a 29 ministérios. O Parlamento tem todo o direito de transferir um órgão de um lugar A para um lugar B. Isso foi decidido no voto, com margem muito pequena.”
Sobre as mudanças feitas no decreto das armas, ele afirmou que foi diferente de voltar atrás. “Nós fizemos esclarecimentos e adequações, mas no ponto de vista da constitucionalidade não teve nenhuma questão. O governo ajustou a questão em relação ao mérito. Não há em todo o decreto do presidente Bolsonaro as tais inconstitucionalidades”, disse. Os ajustes, afirmou, foram feitos para evitar judicializações a longo prazo.
Para argumentar em favor do decreto, o ministro lembrou que no referendo sobre o Estatuto do Desarmamento, em 2005, o Rio Grande do Sul (Estado pelo qual Onyx é deputado) teve 87% dos votos contra a proibição da comercialização de armas.