A censura imposta ao jornal O Estado de S. Paulo é um tema para a Organização das Nações Unidas (ONU) questionar o governo brasileiro. O relator da entidade para defesa da liberdade de expressão, Frank La Rue, enviou ao Itamaraty carta pedindo explicações sobre a mordaça no jornal e cobrando solução do caso.
Em sua avaliação, foi “terrível como precedente” a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), tomada na quinta-feira passada, que manteve a censura. “Qualquer obstáculo ao trabalho da imprensa é um ato antidemocrático”, disse.
Desde 31 de julho, o jornal está proibido de publicar reportagens sobre a Operação Boi Barrica, da Polícia Federal (PF), que investigou e indiciou o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Na reclamação ao STF, o jornal O Estado de S. Paulo afirmou que o Tribunal de Justiça do Distrito Federal instaurou a censura judicial, proibida pela Constituição. O recurso foi arquivado por 6 votos a 3. O jornal vai recorrer.
A reportagem apurou com fontes da ONU que a carta foi enviada antes da decisão do STF. Mas até agora foi ignorada pelo governo, que não prestou informações. Os relatores de Direitos Humanos da ONU têm como mandato fiscalizar e avaliar a situação de diversos temas em todos os continentes. O instrumento que contam para pressionar por mudanças é o diálogo com os governos e a capacidade de influenciar a opinião pública mundial.