O Fórum Brasileiro de Segurança Pública apresentou aos candidatos ao Planalto, em 2014, uma agenda com propostas para serem incorporadas aos planos de governo. Quatro anos depois, com índices mais alarmantes de violência em diversas regiões do País e intervenção militar no Rio de Janeiro, a ONG se juntou a duas outras entidades – o Instituto Igarapé e o Sou da Paz – para criar um plano articulado de segurança e apresentá-lo aos pré-candidatos à Presidência.
Nestas eleições, alguns grupos da sociedade civil tentam adotar uma abordagem mais propositiva, apresentando diagnósticos e possíveis soluções.
A ONG Todos pela Educação pretende ampliar sua ação eleitoral. Em 2014, concentrou esforços na campanha de “vote pela educação”, com materiais publicitários orientando eleitores a votar em candidatos com propostas para o setor. “Neste ano, não é só uma carta de intenções com metas para o candidato assinar”, disse a presidente da entidade, Priscila Cruz.
Elaborado por uma equipe de especialistas da academia e da administração pública, o documento tem sete pontos principais, incluindo a formação do professor e a alfabetização. A ideia da Todos pela Educação é orientar, mas não se vincular a nenhum partido político ou candidato. Até o momento, conta que já se encontraram com as equipes de Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Manuela D’Ávila (PCdoB), Jair Bolsonaro (PSL) e Flávio Rocha (PRB). “É (uma ação) suprapartidária. Fazemos a produção dos documentos, que fica aberta a qualquer um.”
O Centro de Cidadania Fiscal (CCiF) tem como foco a reforma tributária e propõe simplificar os cinco impostos de bens e consumo nos Estados e transformá-los em um único: IVA. É a proposta com o maior nível de detalhamento. Começou a ser elaborada em 2016, já com objetivo de influir nas eleições deste ano.
“Estamos à disposição. A gente não fica com medo de ser citado (por candidatos) ou utilizado no plano. Até porque nossa proposta não é nada ideológica”, disse Bernard Appy, diretor do centro. O economista relata que já se encontrou com candidatos ou equipes de praticamente todas pré-campanhas – de Jair Bolsonaro (PSL) a Guilherme Boulos (PSOL).
“Não acho que a reforma tributária vá ser tema nas eleições. Mas os pré-candidatos enxergam que é a principal agenda de produtividade para o País. Digo sempre: com isso, não ganham votos, mas ganham reeleição”, disse Appy.
A proposta conjunta do Fórum Brasileiro de Segurança Pública está quase fechada e deve ficar pública no fim do mês. A entidade afirma que já se encontrou com Ciro e Manuela D’Ávila e com os coordenadores de campanha do PT, PSDB e Rede, Fernando Haddad, Persio Arida e João Capobianco, respectivamente.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública, porém, faz restrição a Bolsonaro. “Os que defendem que ‘bandido bom é bandido morto’, esses a gente prefere não dialogar, porque são princípios básicos nossos”, disse o diretor-presidente da entidade, Renato Sérgio de Lima.
Parceiro do Fórum no âmbito nacional, o Instituto Igarapé, porém, tem outro entendimento. “Minha meta de sucesso é ver quanto mais candidatos adotarem as propostas, melhor. Inclusive, adoraria se pudessem adotar mais políticas públicas com base em evidências”, defende Ilona Szabó, diretora executiva do instituto.
Marina Silva destacou como positivas as ações das entidades como uma forma de aproximar o programa da Rede “do debate com a sociedade e incorporar propostas que sejam complementares e, acima de tudo, coerentes com a linha programática” do partido.
A assessoria de Geraldo Alckmin informou que há integrantes da equipe do tucano que também são do Todos Pela Educação e propostas da ONG foram acolhidas no programa do pré-candidato. Flávio Rocha afirmou que a campanha se pauta “pelos seus próprios princípios” na elaboração do programa.
Procurados, os outros presidenciáveis citados não se manifestaram. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.