O ex-ministro das Cidades Olívio Dutra foi lançado ontem candidato de consenso a governador do Rio Grande do Sul. Depois de passar três meses dizendo que não autorizava ninguém a apresentar o próprio nome, Olívio afirmou que teve de mudar de idéia. "Eu fui sendo convencido pelo processo que se desencadeou a partir das bases", alegou, em referência a uma série de encontros regionais promovida pelo partido desde dezembro.
Em 1998 e 2002, as prévias internas racharam a legenda. Já desta vez, o nome do ex-ministro das Cidades foi apresentado ontem, ao diretório estadual, como candidato único de todas as correntes. Ontem foi o prazo-limite de inscrições para os pretendentes à indicação. Vencida esta etapa, Olívio será aclamado como candidato no encontro estadual da sigla, em 17 e 18 de março. A desistência do ex-presidente nacional da agremiação, que fica à disposição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para voltar ao governo federal ou participar da coordenação da campanha da reeleição, também contou.
As correntes ligadas a Genro preferiram lutar por uma vaga na composição da chapa majoritária neste ano, negociação que começa agora e vai até a reunião estadual. Também tido como possível pré-candidato, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, havia avisado que só disputaria a indicação se o ex-ministro das Cidades não concorresse.
De passagem por Porto Alegre, Rossetto foi confirmar o apoio a Olívio. "Começamos cedo e começamos bem", avaliou o ministro do Desenvolvimento Agrário, sem anunciar ainda qual o rumo político que tomará.
Em discurso para cerca de 80 filiados que presenciaram o ato de inscrição do nome, o ex-ministro disse que quer fazer um "enfrentamento programático" com a atual gestão, do governador Germano Rigotto (PMDB), pré-candidato a presidente, criticando a política de concessão de incentivos fiscais a grandes empresas, a "pequena parcela" de investimentos em prioridades apontadas por consultas populares e os "maus resultados" recentes da economia gaúcha.
Também desdenhou dos movimentos feitos por Rigotto para concorrer à Presidência da República. "Ele está fazendo uma política de despiste, ganhando espaço na mídia para concorrer à reeleição", avaliou, pondo Rigotto como principal adversário do PT na eleição estadual.
Olívio também adiantou a linha de defesa, em campanha, para as acusações de corrupção que o partido recebe nas comissões parlamentares de inquérito (CPIs) em Brasília. "Não foi o partido, mas algumas figuras destacadas que cometeram esse desatino e estão sendo condenadas dentro do PT e fora dele", ressaltou. "Nós vamos resgatar os valores de fundação do PT", prometeu.