Quem assistiu ao debate para o governado do Paraná na TV Bandeirantes, na noite desta quinta-feira (16), viu candidatos fugindo do debate, apelando para propostas com pouco aprofundamento e frases de efeito. A Tribuna fez uma seleção dos principais assuntos discutidos. O “Massacre dos Professores”, como ficou conhecido o episódio de 29 de abril de 2015, e a ligação dos candidatos Cida Borguetti (PP) e Ratinho Júnior (PSD) com o ex-governador Beto Richa (PSDB), foram os temas mais recorrentes.
29 de abril
Por ser professor da rede estadual de ensino, quem mais relembrou o episódio do “Massacre dos Professores”, no Centro Cívico, foi o Professor Piva (PSol). Como é um episódio recente, é a primeira vez que o 29 de abril é levado à campanha eleitoral. Faziam parte do governo Beto Richa, à época, Cida e Ratinho, que foram muito criticados por Piva, por terem ficado calados e não tomado nenhuma atitude em relação ao episódio.
Cida se defendeu, dizendo que não compactua com violência e, como sabe que a negociação salarial de professores é um assunto sempre polêmico, deixou o assunto para discutir só em novembro, após o pleito. Ratinho se defendeu dizendo que na época sequer estava na Assembleia Legislativa, porque era Secretário de Desenvolvimento Urbano.
Ligação com Beto Richa e com Temer
Ratinho e Cida tentaram ficar calados sobre a sua ligação com o ex-governador Beto Richa, já que Cida era a vice-govenadora e Ratinho o Secretário de Desenvolvimento Urbano do tucano. Figuras de oposição ao governo Richa, Professor Piva e Dr. Rosinha (PT) tentaram a todo momento lembrar o eleitor desta ligação. Rosinha chegou a fazer piada com o assunto, quando direcionou uma pergunta para Ratinho. Fingiu que se enganou e o chamou de Beto Richa.
João Arruda (MDB) aproveitou-se disso e mostrou-se como a oposição “mais viável” ao governo tucano e aos candidatos ligados a Beto Richa. Mas não fugiu de ser criticado pela ligação com o presidente Michel Temer, visto que são do mesmo partido. Dr. Rosinha o criticou por ter votado a favor da PEC dos gastos (que limita os gastos com saúde e educação) e também para evitar que Temer seja investigado. Arruda tentou se desvencilhar de alguma forma da figura de Temer e se defendeu dizendo que seus votos foram “decisão partidária”, e não sua própria.
Segurança Pública
Recorrente em todos os debates, a segurança pública foi citada por vários candidatos, naquele ‘tom’ ouvido em todas as eleições: de que é preciso investir nas polícias, investir em inteligência, em valorização dos policiais, etc. Piva atacou dizendo que Ratinho Júnior parecia o Beto Richa falando há quatro anos atrás, e que o tucano “substituiu escolas por presídios”.
E Arruda aproveitou para criticar o ex-governador Beto Richa e Cida, de certa forma, que antes desses “grandes” investimentos na segurança, tem que primeiro trocar os coletes vencidos das polícias e colocar combustível nas viaturas. Ratinho propôs a criação de uma central de inteligência, que interligue as forças de segurança, o controle das fronteiras com os países vizinhos e o chamamento de policiais da reserva, para que atuem na segurança da porta das escolas. Piva criticou afirmando que o efetivo das Polícias Civil e Militar é o mesmo de 20 anos atrás e que precisava ser atualizado.
Saúde
Neste tema, também muito debatido em todas as eleições, a maioria dos candidatos falou em regionalizar a saúde, ou seja, fortalecer hospitais e clínicas em cada região, para evitar que pacientes se desloquem de tão longe atrás de uma consulta especializada, exame ou cirurgia. Novamente, o mesmo que se ouve em toda eleição. Ninguém falou em aumentar o investimento em saúde e de onde seria possível tirar mais dinheiro para isso.
Arruda ainda criticou a gestão de Richa, que concluiu a obra do Hospital Regional de Telêmaco Borba (entregue em abril), mas que dois meses depois ainda não tinha feito nenhuma cirurgia. Para acabar com as filas de manhã cedo, de pessoas esperando uma consulta, Cida propôs o projeto Corujão, utilizando horários “ociosos” dos hospitais (das 16h até o avançado da noite) para realizar consultas e exames. Já Ogier Buchi prometeu construir mais hospitais.
Ogier Buchi (PSL) e falta de “confrontos”
Um dos grandes “destaques” da noite foi o candidato Ogier Buchi (PSL). Por pouco ele não participou do debate. Ele pertence ao mesmo partido que o presidenciável Jair Bolsonaro, que no dia anterior declarou apoio a Ratinho Júnior. Ainda mandou que o partido não registrasse a campanha de Ogier, por conta do apoio a Ratinho. Isso causou um mal estar no partido e fez Ogier ir pessoalmente registrar sua candidatura no TRE (o que geralmente é feito pelo partido). No dia seguinte, a TV Band recebeu do TRE a lista dos candidatos registrados e aptos a participar do debate. O nome de Ogier não estava lá e depois da ação dos advogados do candidato, ele entrou para o debate “em cima da hora”.
No fim, Ogier foi o destaque da noite, mas não exatamente por sua atuação e propostas. Mas porque Ratinho Júnior e Cida Borguetti estavam evitando o confronto direto entre eles. Como João Arruda e Professor Piva tinham uma postura mais “combatente” e Rosinha era oposição, passaram a direcionar todas as perguntas para Ogier Buchi, para aproveitar as réplicas e tréplicas para apresentarem propostas, mesmo que elas não tivessem muita ligação com a pergunta inicial.
Os candidatos ainda tentaram debater temas como educação, agronegócio, infraestrutura (Ogier defende a ampliação da Ferroeste, enquanto Rainho Júnior fala de estradas), corrupção e transparência de gestão.
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