Uma antiga briga no interior do Itamaraty deverá estourar com a greve de 24 horas organizada pelas duas categorias que dão suporte ao trabalho da diplomacia brasileira. Um contingente de 1.400 oficiais e assistentes de chancelaria que atuam no Brasil e no exterior exige a redução da diferença entre os seus salários e as remunerações dos diplomatas.
Primeira paralisação no Itamaraty desde 1994, essa greve deverá prejudicar especialmente os setores que tratam da legalização de documentos em Brasília e da concessão de vistos, nos consulados brasileiros. A greve é o resultado de rixa histórica entre os oficiais de chancelaria e a cúpula do Itamaraty, composta exclusivamente por diplomatas.
Os oficiais alegam que fazem parte de uma carreira de Estado e que são profissionais de nível superior de escolaridade, assim como os diplomatas. Mas suas remunerações equivalem às de profissionais de nível médio, no serviço público federal, e estão aquém às dos diplomatas.
Propostas
Nos últimos meses, o Departamento do Serviço Exterior do Itamaraty defendeu as reivindicações dos oficiais e assistentes de chancelaria no Ministério do Planejamento (MPO). Na semana passada, associações de ambas as categorias receberam a contraproposta do MPO de aumento linear de 19%, extensivo também aos diplomatas. Em assembléia-geral, no último dia 4, essa sugestão foi rejeitada. A alternativa aprovada foi a da greve.
Segundo informou o Itamaraty ontem, o Ministério do Planejamento dobrou-se à reivindicação dos oficiais de chancelaria, nos "exatos valores propostos". Mas ficou de apresentar, nos próximos dias, uma contraproposta à reivindicação dos assistentes de chancelaria. A Associação Nacional dos Oficiais de Chancelaria do Serviço Exterior (Asof) e a Conac, mesmo assim decidiram manter a greve até que "uma proposta concreta" seja apresentada pelo Planejamento.