Obama falou com Lula sobre caças

A disputa pelo contrato FX-2 envolveria bem mais do que os caças Rafale e F-18 e seus fabricantes, a francesa Dassault e a americana Boeing. De acordo com reportagem do jornal “Les Echos”, de Paris, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, teria telefonado duas vezes para o colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, para assegurar a transferência da tecnologia e contrabalançar a presença do presidente da França, Nicolas Sarkozy, nas negociações.

A interferência de Obama teria acontecido em razão das chances remotas que o F-18 teria de vencer a concorrência com o Rafale e o sueco Gripen, da Saab, em razão da falta de compromissos da Boeing em relação à transferência de tecnologia, exigência do governo brasileiro. O primeiro telefonema do presidente americano teria acontecido no período de férias na ilha de Martha’s Vineyard, em Massachusetts, entre 23 e 30 de agosto.

Obama teria telefonado para Lula e se colocado como fiador de que a transferência de tecnologia seria aprovada pelo Congresso americano. Teria, ainda, antecipado que voltaria a ligar, com a confirmação de que a aprovação aconteceria em caso de vitória da Boeing.

Lula teria telefonado a Sarkozy em 31 de agosto, anunciando-lhe sua preferência pelo caça francês. Cinco dias depois, o presidente brasileiro afirmaria, em entrevista à “TV5 Monde”, à “RFI” e ao jornal “Le Monde”, que a França era a favorita em função de sua disposição de transferir tecnologia. “Todo mundo sabe que uma das exigências que o Brasil faz é de ter acesso à tecnologia.”

A partir de então, segundo o “Les Echos”, o lobby americano se intensificou. O jornal diz que uma ofensiva de comunicação foi montada pela Boeing, distribuindo informações negativas sobre seu principal concorrente, por diferentes canais, incluindo o meio político e a imprensa.

Em resposta ao aumento do assédio americano, o governo francês teria acenado com a compra de 10 a 15 aviões de transporte KC390 da Embraer, uma espécie de contrapeso à aproximação entre a Boeing e a companhia brasileira. Nesse momento teria acontecido o segundo telefonema de Obama, desta vez garantindo que o Congresso aprovaria a transferência de tecnologia.

Questionada, uma fonte do governo brasileiro envolvida no encontro entre Lula e Sarkozy em Brasília respondeu que “quem escreveu parece ter estado dentro das negociações”. No Palácio do Planalto, a versão é de que seria “quase impossível” a intervenção de Obama.

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