Os peritos criminais da Polícia Federal decidiram entrar na polêmica do corte orçamentário da corporação que nas últimas semanas alimenta um embate tenso entre delegados e o governo. Em comunicado divulgado nesta quinta-feira, 7, os peritos, por meio de sua entidade de classe, se declaram a favor do “diálogo franco”, mas expressam que “o retrocesso é inaceitável”.

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Eles argumentam que em um Estado Democrático de Direito “o governo não deveria privilegiar quem o defende e preterir quem pode investigá-lo”. “A Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais permanece atenta e diligente contra as ameaças à Polícia Federal e reafirma seu compromisso com o diálogo, desde que esse não sirva para fins protelatórios de quem não quer solucionar problemas”, assinala André Morisson, presidente da entidade de classe dos peritos.

Os peritos formam uma classe de servidores altamente preparados, com assento no Setor Técnico Científico da PF. Sob sua responsabilidade estão os laudos que têm importância fundamental para todas as investigações, inclusive sobre corrupção e crimes financeiros. Os peritos estão preocupados com o que chamam de “discussão pública entre entidades representantes de servidores da Polícia Federal e o Ministério da Justiça”.

“Essa situação lamentável precisa de diálogo franco para que possamos resolver os impasses criados”, recomenda André Morrison. A crise do orçamento ganhou contornos críticos desde o final de 2015 quando o Congresso cortou R$ 133 milhões da PF – segundo a direção-geral da corporação, a tesoura levou R$ 151 milhões da verba para 2016.

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O corte provocou imediata reação dos delegados de Polícia Federal. Eles cobraram “menos discursos” e exigem a adesão do ministro José Eduardo Cardozo, da Justiça, à batalha pela autonomia financeira da instituição.

Os peritos destacam que “repudiam qualquer possibilidade de contingenciamento orçamentário que possa interferir nas atividades da Polícia Federal, que vem, sem margem para dúvidas, transformando para melhor a história de nosso País”.

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No comunicado distribuído nesta quinta, os peritos fazem referência às palavras do ministro da Justiça que apontou “problemas de gestão” diante do fato de a PF no Paraná, base da missão Lava Jato, ter solicitado em 2014 R$ 172 mil ao juiz federal Sérgio Moro e, depois, ter devolvido R$ 3 milhões do orçamento. “Se há problemas na gestão, como falado pelo ministro José Eduardo Cardozo, que sejam resolvidos por quem para isso tem poder”, sugere a entidade dos peritos.

“A Associação dos Peritos está sempre à disposição para ajudar no aprimoramento de nossa gestão. Mas o retrocesso é inaceitável. A Polícia Federal precisa de investimentos, pois cada centavo que entra nessa instituição retorna com grande lucro para nossa sociedade. E o principal investimento que o Governo deve fazer na Polícia Federal é em seu mais valioso patrimônio: seus servidores de alta qualificação que diuturnamente se esforçam por um País melhor, mais seguro, mais justo e, sobretudo, livre da corrupção que tanto castiga o Brasil.”