O senador Delcídio Amaral disse, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, que na próxima semana retorna às suas atividades parlamentares no Congresso Nacional, após sua licença por motivo de saúde. Não faz ideia de como será recebido. “É uma incógnita”, disse.
Delcídio afirmou que sua rotina está “muito difícil”. “Estou fazendo exames médicos, exames de controle de saúde. Eu estou terminando essa bateria de exames sob um momento de tensão muito forte”.
Questionado se tinha provas do que afirmava em sua delação, o senador disse que pode comprovar os fatos com agendas, viagens e relatando com precisão os acontecimentos. “É como eu registro no meu dia a dia. Outras situações que já fazem parte dessa investigação (da Lava Jato) vêm comprovar tudo mesmo. Como toda agenda de político eu registro tudo, datas, horários”, disse.
“Não tenho dúvida de que em função das agendas, dos indícios, o que foi afirmado vai ser comprovado. Aliás, em boa parte dos episódios mencionados já há comprovação até mesmo por outras colaborações. Sei que algumas coisas que relatei já foram confirmadas por executivos de uma empreiteira”, explicou.
Perguntado se tinha medo de morrer, o senador disse que não. “Mas, evidentemente, a gente tem que tomar muito cuidado com a família. Eu tenho filha jovem, eu tenho muitas preocupações. Minha mãe vive no pantanal, vive numa fazenda. Eu, evidentemente, vou conversar com os meus advogados sobre isso”, afirmou. “É um negócio complicadíssimo. Eu lhe confesso que estou muito preocupado. Já passei por situação muito parecida na CPI dos Correios, mas, agora, pela gravidade do momento é muito pior”.
Sobre a possibilidade de o ex-presidente Lula ir para o ministério de Dilma, Delcídio classificou o movimento como “uma loucura”. “Eu acho que ele vai acabar indo para tentar se blindar do (juiz Sérgio) Moro”, disse.
Delcídio disse que se desligou do PT por ter sido abandonado pela legenda quando fui preso. “Inacreditável o que o partido fez comigo. Aquilo me prejudicou numa intensidade inacreditável. Não havia mais condição de ficar no PT com a homologação (da delação premiada).
Sobre as denúncias que o atingem, o senador disse que “não existe nenhuma acusação que fica de pé contra mim”. “Nada que ficou caracterizado como um caso de corrupção na minha conduta. No meu caso, eu sou praticamente uma testemunha”.
Ao comentar a declaração feita ontem pelo ministro Aloizio Mercadante (Educação), de que tudo o que sugeriu no telefonema gravado entre ele e o assessor de Delcídio foi dentro da legalidade, o senador comentou: “Não tenho intimidade com ele, como é que fala da minha filha em entrevista? Ele não pode negar aquilo que está na gravação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.