Um dos fundadores do PSDB, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, de 71 anos, se apresentou oficialmente na segunda-feira, 2, como pré-candidato do partido à Presidência da República em 2018. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ele disse que, entre João Doria e Geraldo Alckmin, é o mais competitivo.

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O PSDB chegará dividido em 2018?

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O PSDB tem muitos rachas porque nunca fizemos prévias presidenciais. Tem gente que perde a indicação e depois não morre de entusiasmo em apoiar o escolhido. Não conseguimos falar uma linguagem que unifique o Brasil. Quem ganhar prévia sairá legitimado. Seria uma leviandade de último grau de quem perder ir para outro partido.

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Quando devem ser realizadas as prévias?

Defendo que sejam em maio, mais perto das convenções definitivas. Se fossem em dezembro, isso só ajudaria quem é favorito hoje.

Como avalia a força de João Doria no PSDB? Há um setor do partido encantado com ele.

Partido existe para ser pressionado e instigado. O partido não pode viver de encantamento. Quem encanta mesmo é o flautista da serpente.

Quem deve votar, na sua opinião: todos os militantes ou um colégio eleitoral mais restrito?

Todos os militantes. O jogo precisa ser bastante aberto. Quero mostrar na campanha a insensibilidade de uma certa elite do País que não tem a menor noção do que é a realidade do Nordeste e muito menos do Amazonas. Olham a Amazônia com um certo preconceito. Ignorar a Amazônia é uma cafonice. As pessoas precisam entender que não basta chegar aqui e fazer uma reuniãozinha de empresários em um hotel à beira do rio.

Quando o sr. fala de empresários reunidos em um hotel à beira do Rio, se refere ao João Doria? O Grupo Lide, fundado por ele, realizou em Manaus, em um hotel como esse, vários encontros empresariais.

Ele não é a única pessoa dessa elite que se reuniu no (Hotel) Tropical. Há quase que uma cultura de ignorar a Amazônia. Há uma cultura de fingir que gosta do Amazonas. Se dependesse deles, a Hyundai não estaria aqui. Conseguimos meio que na marra, contra tudo e todos, os subsídios fiscais.

Quem é hoje mais competitivo: Alckmin ou Doria?

Dos três, o mais competitivo serei eu. Entre os dois, eu sinceramente estou acostumado a nadar contra a corrente. Nunca fui de me pendurar em máquinas.

O senador Aécio Neves ainda é o presidente licenciado do PSDB. Isso constrange o partido?

Houve uma perda de densidade dele como dirigente. Do ponto de vista jurídico, porém, não foi correta a decisão do STF. Mas está na hora de trocar toda a direção do partido.

Defende que o PSDB na Câmara vote a favor da admissibilidade da denúncia da PGR contra Temer?

É uma coisa complicada. Há uma certa esquizofrenia batendo em alguns: 73% são contra o governo do Temer, mas a solução está nas reformas. Se você tira o apoio formal, isso enfraquece demais o governo e impede as reformas. Já isso do PSDB sair ou não do governo virou uma questão irrelevante.

O deputado Jair Bolsonaro dividirá votos com o PSDB em 2018?

Ele expressa o sentimento dos militares da reserva e de quem tem saudade da ditadura, que não voltará. Acho que a candidatura dele se esvaziará.

Como o sr. pretende viabilizar sua pré-candidatura?

Vou viajar pelo Brasil. Estamos montando uma agenda com aquilo que caiba nos dias fora do expediente na prefeitura. Ou seja: fim de semana, feriado e depois do expediente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.