Candidato à reeleição, o governador Márcio França (PSB) disse em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que não pretende “meter o bedelho” na eleição nacional e evitou criticar Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência.

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O sr. avalia que parte da onda que o levou ao segundo turno veio da esquerda?

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Teve voto útil, claro. As pessoas tentaram evitar que tivessem duas candidaturas que, simbolicamente, representassem um só campo. Mas cheguei até aqui tentando me equilibrar no diálogo. Vivi a vida inteira com os petistas achando que eu era tucano, e os tucanos que eu era petista. Fica muito complicado para quem está em uma disputa para governador meter o bedelho na eleição nacional.

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Como fica a sua situação em relação ao Bolsonaro? Pelo seu histórico de militância em um partido socialista, o natural seria combatê-lo…

O problema aqui é o seguinte: a gente tem um certo vínculo indireto. A esposa dele foi assessora do meu líder. A gente conviveu em Brasília durante um período. Quando eu fiz o movimento da coronel (Eliane) Nikoluk (candidata a vice), uma das coisas que ela me pediu foi que dissesse que não iria com o PT. Estamos num impasse. Vou ver o que o partido vai fazer nacionalmente. Vou procurar ver se eles liberam para deixar o povo de São Paulo decidir.

Essa onda conservadora pode favorecer o João Doria?

Não acho. Se tem uma coisa que eu reparo no Bolsonaro é uma simplicidade no comportamento que não tem nada a ver com o Doria. Ele está subestimando quem é ligado ao Bolsonaro achando que vai levar os cara na conversa.

O sr. não teme que o eleitor de esquerda que vota no sr. porque o identifica com esse campo se afaste?

O eleitor não tem 20 posições em São Paulo. Só tem eu e o Doria. Ele vai ter de optar.

Dentro desse quadro atual, a vitória da direita não pode prejudicá-lo?

Acho que não. Eu tenho o apoio de 90% da Polícia Militar. Não é uma coisa normal para quem tem as minha posições. O povo de maneira geral não entende esse negócio de direita e esquerda.

Acredita que parte do PSDB vai apoiá-lo?

Do grupo que tem a origem histórica do (Mário) Covas e (José) Serra, ninguém fica com o Doria. É impossível. Eles são muito diferentes.

Vai procurar alguém do PSDB para conversar?

Eles vão acabar vindo pela afinidade do comportamento. (João) Doria representa um grupo de pessoas e um tipo de comportamento que é diferente do nosso, que tem origem no Covas.

Se a executiva do PSB decidir apoiar Fernando Haddad, como o sr. fica?

Cada dia sua angústia. Vou fazer tudo que for possível para que a gente não crie, a partir das eleições nacionais, um problema.

É um erro o Haddad ter ido visitar Lula em Curitiba no 1° dia de campanha do segundo turno?

Ele deve lealdade a quem o trouxe à vida pública. As pessoas não têm de esquecer o amigo porque ele está em uma dificuldade.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.