O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho “01” do presidente Jair Bolsonaro, contrariou as previsões de que ingressaria no Congresso como um “morto político” após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) descobrir movimentações financeiras atípicas envolvendo seu ex-assessor Fabrício Queiroz, como revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo no fim do ano passado.
Com postura discreta, boa conversa e capacidade de articulação, Flávio, de 38 anos, já estabeleceu uma relação próxima com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ); do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP); e do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli.
Dado o acesso privilegiado ao pai presidente, o “01” tem sido recebido como uma espécie de ministro lotado no Congresso e atua em diversas áreas, incluindo os feudos dos “superministros” Sérgio Moro (Justiça) e Paulo Guedes (Economia). Nas recentes indicações de Bolsonaro para a Procuradoria-Geral da República e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), por exemplo, Flávio foi ouvido. Moro, não.
Escolhido para comandar a PGR, Augusto Aras teve várias conversas com Flávio e nenhum encontro com o titular da Justiça, que era a favor da escolha por meio da lista tríplice da categoria. Moro também viu seu indicado ao Cade, Vinícius Klein, ser “desconvidado” por Bolsonaro, que emplacou a advogada Lenisa Rodrigues Prado, ungida pelo senador.
A influência de Flávio atinge vários “departamentos”. Ao lado de Maia, ele foi protagonista na articulação do acordo fechado, na semana passada, para mudar a regra de distribuição de recursos do megaleilão do pré-sal, prevendo R$ 2,5 bilhões de verba extra para o Rio, sua base eleitoral. Ele também está “mergulhado” na reforma tributária, menina dos olhos da equipe econômica.
Em pauta prioritária para a família, o “01” tem participado de jantares, na tentativa de destravar a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a embaixada nos EUA. Nos encontros, Flávio procura quebrar resistências, mostrando aos colegas as vantagens de ter o irmão como embaixador.
Ex-deputado estadual no Rio e no primeiro mandato como senador, Flávio mostra mais gosto por conversas de bastidor do que o pai. Nos 28 anos como deputado, na Câmara, Bolsonaro teve dois projetos aprovados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.