O novo mandato da presidente Dilma Rousseff será de um governo de negociação que escutará mais os agentes econômicos, comentou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, Luiz Gonzaga Belluzzo, ex-secretário de Política Econômica. “E negociação significará dialogar constantemente e de forma próxima com diversos setores da economia, não só empresários, mas também os trabalhadores”, disse. “A presidente Dilma também fez um sinal importante para reconstruir uma aliança com o setor industrial no seu discurso de ontem.”
Belluzzo defende que a retomada do vigor do segmento manufatureiro no Brasil é possível e essencial para a maior inserção tecnológica do País em termos internacionais, o que inclusive vai beneficiar a geração de empregos mais especializados e melhor remunerados.
Na avaliação de Belluzzo, o segundo mandato de Dilma Rousseff também vai se caracterizar por dedicar maior foco em algumas áreas. “A inflação na meta é importante, bem como ter um superávit primário anticíclico, que varia de acordo com a força da economia”, disse.
Neste contexto, quando o PIB estiver fraco, essa poupança do Orçamento deve ser pequena, inclusive porque a capacidade do Estado de arrecadar diminui muito, especialmente em função da elasticidade entre crescimento e receitas da União.
Por outro lado, Belluzzo avalia que se o País vai bem e a expansão da economia é vigorosa será possível e oportuno adotar um primário mais robusto, inclusive porque seria um mecanismo fundamental para moderar a demanda agregada e facilitar o trabalho do Banco Central para não ter que elevar os juros de forma excessiva. “Também é relevante expandir as concessões públicas em infraestrutura para alavancar os investimentos no País”, ponderou Belluzzo.
Para o ex-secretário de Política Econômica não é correto avaliar que a polarização nas urnas entre eleitores do governo e da oposição significa que o Brasil está dividido. Segundo ele, é necessário distinguir a preferência do voto e a gestão de um País por um período de 4 anos.
“O voto representa a diferença de opiniões entre segmentos distintos da sociedade, que inclusive se manifestam por vários fatores, como as classes sociais”, comentou. “Na democracia moderna, cabe ao governo mediar a relação entre os pontos de vistas destes diversos agentes para viabilizar uma boa administração em benefício de toda a população.”