Embora equilibrada, a eleição para o governo do Paraná pode ser decidida hoje entre o senador Osmar Dias (PDT) e o ex-prefeito de Curitiba Beto Richa (PSDB), embora a possibilidade de reealização de um segundo turno tenha sido apontada ontem na pesquisa Ibope.
Para vencer a eleição no primeiro turno, um dos dois tera que obter pelo menos um voto a mais que a soma dos adversarios. O pedetista e o tucano já concorreram anteriormente ao cargo. Beto disputou o governo em 2002. Osmar foi candidato ao governo na eleição de 2006.
As duas candidaturas reproduzem a medição de forças nacional, entre o PSDB e seus aliados e o bloco liderado pelo presidente Lula (PT). PMDB e PT se aglutinaram em torno da candidatura do pedetista, escolhido a dedo pelo presidente Lula para representar o bloco na disputa estadual, que buscava um palanque mais sólido para a candidata a presidente, ministra Dilma Rousseff (PT).
O PSDB se juntou ao DEM, PB, PTB e PP, aliados tradicionais dos tucanos nas disputas locais para dar suporte à candidatura de Beto, nascida já no dia seguinte às eleições de 2008, quando foi eleito prefeito com mais de 70% dos votos.
O processo de construção das duas candidaturas foi repleto de suspense, intrigas e especulações que levaram a definição de Osmar Dias sobre a candidatura até o último dia do prazo estabelecido pela Justiça Eleitoral.
E pela primeira vez no Paraná, as articulações estiveram entrelaçadas com a sucessão presidencial devido à indicação do senador Álvaro Dias (PSDB) como candidato a vice-presidente na chapa do tucano José Serra.
Na última hora, o convite a Alvaro foi retirado e Osmar, que se sentia premido pelos laços familiares, optou por enfrentar Beto na eleição. A confirmação da candidatura de Osmar como candidato trincou um grupo que vinha se mantendo unido nas eleições anteriores no Estado.
Os tucanos tentaram até o último momento convencer Osmar a ser candidato ao Senado. Mas o acordo para o pedetista passava por uma condição única que era ser candidato ao governo.
E para o PSDB paranaense, nunca houve a menor possibilidade de Beto ser substituído na cabeça de chapa. O sonho de Osmar e o projeto tucano eram inconciliáveis.
Beto e Osmar não demoraram a passar da condição de dois ex-aliados diplomáticos para a de adversários hostis O auge das animosidades foi há duas semanas quando Beto atacou Osmar devido à aliança com o ex-adversário de 2006, o ex-governador Roberto Requião, e a campanha de Osmar explorou declarações de Beto criticando um grupo de professores que declararam apoio ao pedetista.
O clima ficou mais tenso a partir da decisão da coligação de Beto de pedir a proibição dos resultados das pesquisas de intenções de votos, justamente quando o adversário estava anunciando que havia passado à frente do tucano.
Despedida
Ontem, ao encerrarem a campanha, os dois candidatos trocaram críticas e fizeram um balanço dos três meses de confronto. “O bom foi o apoio que recebi do presidente Lula e dos partidos aliados, que pegaram para valer a campanha. Foi uma campanha com muita emoção e participação. O ruim foi a mudança de postura do meu adversário que deixou o eleitor sem informações na pura malandragem. Ficou feio para a história dele”, disse Osmar.
O tucano respondeu no mesmo tom. “Nossos adversários fizeram uma campanha suja e rasteira, espalhando mentiras e boatos. Durante toda a campanha apresentamos propostas e tivemos que reagir, mostrando a verdade sobre nosso adversário”, disse.
Ainda de acordo com Beto, Osmar representa um projeto ultrapassado. “Esta eleição vai marcar um fim de um ciclo político, que promoveu o atraso do Paraná”, atacou.