Em clima de “começar de novo”, a Assembleia Legislativa do Paraná inicia hoje uma nova legislatura com o compromisso de apagar os escândalos dos anos anteriores e devolver ao Legislativo o apelido de “Casa do Povo”.

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Após quase um mês de impasse sobre a eleição para a Mesa Executiva, os 54 deputados estaduais eleitos em outubro do ano passado tomam posse e, logo em seguida, devem aclamar Valdir Rossoni (PSDB), presidente da Casa.

Entre projetos importantes herdados do ano passado, como o que cria a Defensoria Pública no Estado, e as mensagens do governo que já devem chegar na próxima semana, os parlamentares têm o compromisso moral de reorganizar a Casa administrativamente, afastando velhas práticas e comportamentos inadequados que culminaram nos escândalos do ano passado.

Na articulação política, os governistas tentam construir para Beto Richa (PSDB) a maior bancada de apoio possível, cooptando deputados que estiveram na coligação de Osmar Dias (PDT) nas eleições do ano passado, como os do PMDB e do próprio PDT, enquanto o PT, único partido que já declarou posição institucional de oposição, tenta angariar mais dissidentes de outras legendas para não ficar restrito a seus seis (ou sete, veja na página 4).

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“Só posso garantir os deputados do PT, todos na oposição, mas contamos com a adesão de alguns deputados de outros partidos como o PV e o próprio PMDB. Podemos chegar a 14 deputados, número que nos permite uma oposição de qualidade”, afirmou o presidente do PT, Ênio Verri, que disse que a oposição não começará a Legislatura já na ofensiva. “Vamos respeitar os primeiros 100 dias, é até elegante fazermos isso, a não ser que já apareça alguma mensagem estranha”, disse. “Depois, mesmo sem ter uma bancada numerosa, podemos apresentar nossa crítica e nossas alternativas para os deputados da base e a opinião pública. Oposição não é só votar contra”, disse.

Para o futuro líder do governo, Ademar Traiano (PSDB), a primeira semana será de organização, com a definição das lideranças partidárias, dos membros de comissões e de possíveis blocos.

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“Não tem nenhum projeto programado para essa semana. O governador vai esperar a Casa se organizar e começar a funcionar plenamente. A partir da semana que vem podem aparecer as primeiras mensagens”, disse.

Traiano não adiantou os primeiros projetos a serem apresentados pelo Executivo, mas disse que saúde, educação e segurança pública, áreas que o governo considera prioritárias e que tiveram seus orçamentos enxugados pelo governo anterior serão prioridades.

O futuro líder de Beto não descartou a tramitação de um pedido de CPI sobre o governo anterior, como a da corrupção, sugerida por Douglas Fabrício (PPS). “Ao mesmo tempo em que concordo que o governo tenha o dever de tornar pública todas as irregularidades do mandato anterior, acredito que também tem que deixar o revanchismo de lado e tocar para frente.

Mas não vou cercear esse direito dos deputados e, se fizerem o requerimento e conseguirem as assinaturas necessárias, vou apoiar”, disse Traiano, adiantando a assinaria o pedido de CPI.