A Polícia Federal deflagrou nesta segunda-feira, 9, em cinco unidades da federação, ações contra um dos grupos empresariais investigados pela Operação Zelotes. As empresas investigadas nesta fase tiveram multas julgadas no Conselho de Recursos Administrativos (Carf) que somam R$ 57 milhões.

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O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega foi levado para depor à Polícia Federal e deve ser liberado em seguida. Ele é amigo de Victor Sandri, dono da Cimento Penha, que teria sido favorecida em decisões do Carf.

Estão sendo cumpridos 12 mandados de buscas e apreensões e 15 mandados de conduções coercitivas em Brasília (DF), Recife (PE), Olinda (PE), Paulista (PE), João Pessoa (PB), São Paulo (SP), Juazeiro do Norte (CE), Florianópolis (SC) e 1 oitiva autorizada judicialmente no Complexo da Papuda, em Brasília. Todas as medidas judiciais foram determinadas pela 10ª Vara da Justiça Federal no DF.

Segundo a PF, durante a investigação, foi constatada “a existência de associação criminosa voltada a manipular e influenciar decisões do Carf, por meio de corrupção de Conselheiros, em prol de empresas desfavorecidas em decisões administrativas condenatórias de instâncias inferiores”.

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Alvo desta fase de ações da Polícia Federal, uma empresa produtora de material de construção celebrou contratos com escritórios de advocacia e de consultoria que, por meio de seus sócios, “agiram de maneira ilícita, manipulando o andamento, a distribuição e decisões do Carf, visando obter provimento de seus recursos e cancelamento da cobrança de tributos em seus processos”.

Desde a deflagração da Operação Zelotes, em 26 de março de 2015, a Polícia Federal recolhe evidências das práticas de crimes de tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, associação criminosa e lavagem de dinheiro por parte de uma estrutura criminosa complexa e composta por conselheiros e ex-conselheiros do Carf, advogados e as empresas alvos das ações.

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Mantega

Em novembro do ano passado, o juiz titular da 10ª Vara da Justiça Federal, Vallisney de Souza Oliveira, responsável pela Zelotes, autorizou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Guido Mantega. O objetivo era apurar se ele tinha envolvimento no suposto favorecimento de empresas que obtiveram decisões favoráveis no Carf.

Na época, os investigadores também quiseram levantar mais informações sobre a relação do então ministro com o dono da Cimentos Penha, grupo empresarial que conseguiu abater débito de R$ 106 milhões no “tribunal da Receita”. Os dois seriam amigos e já fizeram negócios imobiliários.

Nesta segunda-feira, a defesa do ex-ministro disse que “não há o que recear” sobre a condução coercitiva de Mantega para depor. “Ele não tem nada a esconder”, afirmou o criminalista José Roberto Batochio.