A nova derrota jurídica sofrida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva praticamente sepultou a possibilidade de partidos do chamado “Centrão” apoiarem uma eventual candidatura do petista ao Palácio do Planalto. Integrantes do PR e do PP, que flertavam com Lula, afirmam que, após os três desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) confirmarem a condenação do ex-presidente, uma aliança com o PT para a eleição nacional fica praticamente inviabilizada.
“A candidatura de Lula perde consistência. Uma coisa é você ser candidato com toda a segurança possível, outra é se lançar em meio a tanta insegurança”, avalia o líder do PR na Câmara, deputado José Rocha (BA).
Segundo o deputado, o PR vai agora analisar os quadros que irão se colocar na disputa para decidir quem apoiar na corrida presidencial. Uma das possibilidades é apoiar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Esta semana, integrantes da cúpula do DEM se reuniram com o ex-deputado Valdemar Costa Neto (SP), que, na prática, comanda o partido.
No PP, a confirmação da condenação do ex-presidente deve suplantar de vez os setores do partido, especialmente do Nordeste, que apoiavam uma reaproximação com o PT. Para o líder do partido na Câmara, deputado Arthur Lira (AL), o resultado do julgamento da última quarta-feira, 24, modificou o quadro eleitoral, mas ainda é preciso esperar para ver para onde vão migrar os votos que iriam para o petista.
Apesar do discurso de afastamento de Lula adotado pela cúpula dos dois partidos, alguns parlamentares afirmam que é cedo para fazer uma avaliação do cenário. Para o deputado Dudu da Fonte (PP-PE), o desempenho do ex-presidente nas pesquisas pode garantir a ele alianças e competitividade nas eleições. “Acredito que ele ficará na frente nas pesquisas, o que fará com que os aliados não o abandonem”, disse.
PR e PP fazem parte hoje da base aliada do governo do presidente Michel Temer. A avaliação desses e de outros partidos desse grupo é que uma eventual saída de Lula da disputa beneficiará um candidato de centro, que pode ser representado tanto por Maia quanto pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). O nome do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, é visto com mais resistência dentro da própria base.