O primeiro presidente eleito por via direta no Brasil depois da ditadura militar foi, também, o primeiro a sofrer um processo de impeachment. E O Estado acompanhou toda a crise política do governo Fernando Collor, num período que pode representar bem o significado da palavra democracia. Em menos de dois anos um País se mobilizou para a eleição de um candidato e depois fez o mesmo, ou ainda mais, para sua deposição legal do cargo.
Desde maio de 1992, quando Pedro Collor, irmão do então presidente, denunciou o esquema de corrupção comandado pelo tesoureiro de campanha de Collor, PC Farias, com a conivência do presidente. Desde então, O Estado noticiou a tentativa de defesa do presidente, a revolta dos ?caras-pintadas? que tomaram em protesto as ruas de todo o País, a instauração das Comissão de Inquérito e seu relatório final, que pedia o impeachment do presidente.
?Destino de Collor será decidido hoje? era a manchete do jornal em 29 de setembro de 1992, dia em que a Câmara dos Deputados votaria a suspensão do presidente. Nas páginas internas, O Estado destacava a manifestação dos estudantes curitibanos em favor do impeachment.
No dia seguinte, O Estado circulava com a capa ?441 ?Sim? derrubam Collor?, Toda a edição concentrou-se no fato histórico para a política brasileira, destacou os 441 votos a favor contra os apenas 38 contrários ao afastamento, resumiu toda a crise que levou a Câmara à decisão e explicou quais seriam os próximos passos do processo.
Em 2 de outubro a manchete era ?Collor desce a rampa hoje. E Itamar sobe?, informando que às 10h daquela sexta-feira Fernando Collor de Mello seria comunicado que estava oficialmente afastado do cargo até seu julgamento no Senado, marcado para dezembro. Itamar Franco, vice-presidente, assumiria o cargo interinamente.
O final da história todos lembram, Collor renunciou em dezembro, antes da votação no Senado, mas mesmo assim deve seus direitos políticos cassados e ficou afastado da vida pública por oito anos.