O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), comemorou na madrugada de sábado, no Piantella, restaurante frequentado por políticos na capital, o fechamento do acordo com a ex-senadora Marina Silva que começou a ser costurado há mais de cinco meses. Pouco antes, no apartamento de uma assessora do deputado Walter Feldman, agora no PSB, no bairro do Sudoeste, Marina selou a aliança para a disputa presidencial de 2014, deixando claro sua disposição em ser a candidata a vice na chapa de Campos, relataram pessoas que participaram do encontro.
Campos e Marina iniciaram a aproximação em abril, quando o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) entrou com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender a discussão no Congresso de um projeto que restringia a criação de partidos políticos, que atingiria a proposta da ex-senadora de formar a Rede Sustentabilidade. A ação do senador era um aceno de Campos a Marina, que já percebia a dificuldade de conseguir o registro de seu partido. Nas últimas semanas, diante da percepção de que a Justiça Eleitoral não permitiria a criação da Rede, Walter Feldman e um grupo de empresários paulistas simpáticos à candidatura de Marina avaliaram que a parceria com Campos era a mais sensata.
Na noite da última quinta-feira, logo após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negar o registro da Rede, Rollemberg telefonou para Marina. A ex-senadora disse que Feldman iria procurá-lo. Rollemberg e Feldman almoçaram na sexta-feira para os últimos acertos do acordo. Rollemberg, então, avisou a Campos, por telefone, que ele poderia pegar um voo para Brasília e anunciar a aliança. “Eduardo, você é o candidato que pode acabar com essa polarização”, disse Marina, já na casa da assessora de Feldman, numa referência à disputa entre PT e PSDB. Um parlamentar do PSB relatou que a senadora afirmou ainda para Campos que era a sua “vice”.
Na entrevista deste sábado para formalizar a aliança, Marina e Campos tentaram passar a impressão que o acordo foi uma “surpresa” inclusive para eles. A ideia era mostrar que, num gesto de desprendimento, a ex-senadora abria mão de sua candidatura num partido nanico em prol de um projeto político que tivesse sintonia com a frustrada Rede Sustentabilidade.
Diferentemente do que disse no encontro reservado com Campos na noite de sexta-feira, Marina não assumiu, na entrevista, a posição de vice na chapa. Ao final da entrevista, um repórter perguntou a Marina se a aliança com o PSB era uma forma de se vingar do PT, partido que teria trabalhado contra a Rede, e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Não fiz um gesto de vingança, mas de esperança”, respondeu rindo.