A decisão da presidente Dilma Rousseff de adiar a substituição de Fernando Bezerra Coelho (PSB) por um peemedebista no Ministério da Integração Nacional provocou revolta no PMDB, que exige providências do vice-presidente da República e presidente licenciado da legenda, Michel Temer.

continua após a publicidade

Nesta terça-feira, 1º, após anúncio de que Coelho não seria substituído imediatamente, integrantes da sigla passaram a exigir que Temer converse com a presidente para defender a indicação do senador Vital do Rego (PMDB-PB), nome definido pelo partido após reuniões na semana passada.

Contrariando a pressão do PMDB, Dilma nomeou para a Integração o subsecretário de Infraestrutura Hídrica, Francisco Teixeira, que ficará interinamente no cargo por alguns meses, conforme orientação da própria presidente.

Teixeira é ligado ao governador do Ceará, Cid Gomes, que deixou o PSB para ingressar no recém-criado PROS. Cid e o irmão, Ciro Gomes, têm dito que não querem nenhum de seus afilhados no governo, para não darem margem à especulação de que saíram do PSB para manter os cargos que tinham na administração de Dilma Rousseff. Mas entre os partidos aliados há dúvidas quanto às afirmações dos irmãos Gomes.

continua após a publicidade

A informação oficial no Palácio do Planalto é de que Dilma nomeou Teixeira para evitar que haja interrupção nos projetos da Irrigação. A ideia de Dilma, quando há vacância de ministérios, é nomear o secretário executivo para o lugar. Mas no caso da Integração houve baixa também nesse posto, visto que Alexandre Navarro, que é ligado ao governador Eduardo Campos, pediu demissão.

Ainda conforme informações do Planalto, durante a audiência em que Fernando Bezerra entregou o cargo, a presidente Dilma Rousseff pediu a ele que fizesse um breve relato sobre seus secretários, para escolher um que pudesse tocar o Ministério até dezembro ou janeiro, quando pretende fazer uma reforma ministerial ampliada. “No momento, estou me fixando em designações interinas”, confidenciou a presidente ao já ex-ministro, após informar que ia decidir por um dos nomes e avisar a Bezerra que o estava chamando ao seu gabinete.

continua após a publicidade

Na conversa com Bezerra, Dilma informou ainda que ia telefonar para o governador Eduardo Campos, provável adversário dela na eleição do ano que vem, a fim de agradecer a contribuição do PSB ao governo federal, falar do grande respeito que tem por ele, e reiterar que está mantido o canal de interlocução. A presidente quer deixar a porta aberta ao PSB. Ela sabe que na disputa eleitoral em 2014 poderá precisar do apoio do partido no segundo turno.

Para evitar qualquer tipo de mal-entendido com o PMDB, Dilma resolveu chamar nesta terça à tarde o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), para conversar e explicar a situação. Renan, que estava com Vital do Rego na sala quando recebeu telefonema de Dilma, achou que a presidente iria fazer o convite. Foi avisado, porém, de que a conversa era só com ele, Renan, causando surpresa e perplexidade entre integrantes do partido.

A decisão de adiar as mudanças definitivas no Ministério foram tomadas após a presidente ter se reunido, na noite de terça, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.