O candidato apoiado pelo Brasil para o cargo de secretário-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o egípcio Farouk Hosni, está ameaçado de sofrer uma derrota histórica. Depois de quatro turnos de votação, desde a semana passada, a diplomata búlgara Irina Bokova tornou-se a favorita para suceder o japonês Koichiro Matsuura no quinto e último turno de votação, previsto para ocorrer hoje, em Paris.
As restrições a Hosni crescem a cada dia, por causa de declarações antissemitas que fez no passado. Apesar das críticas, ele obteve o apoio de países árabes e africanos, além do Brasil, que preteriu a pré-candidatura do engenheiro Márcio Barbosa, atual secretário-geral adjunto da Unesco. A mobilização desses países, contudo, não foi acompanhada por grandes potências, como os Estados Unidos e a França, que trabalharam por uma candidatura de consenso contra Hosni.
De acordo com informações extraoficiais, reveladas nos bastidores da Unesco, os dois candidatos têm 29 votos cada um, mas não vão em pé de igualdade para o turno decisivo. Isso porque Hosni, inicialmente favorito, enfrenta extremas dificuldades para ampliar seu eleitorado entre os 58 delegados nacionais que votam na Unesco. Entre o primeiro e o quarto turnos, o ministro da Cultura do Egito partiu de 21 votos para 29, enquanto a opositora desbancou outros sete candidatos, agregando seus apoios.