Nome ao Planalto sai em 2014, dizem Campos e Marina

Cinco dias após o anúncio de sua aliança para a eleição de 2014, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva se encontraram ontem (10) em São Paulo para desfazer focos de tensão. Em seguida, a dupla convocou uma entrevista para afirmar que a definição do nome do candidato do PSB à Presidência ocorrerá apenas no ano que vem.

Chamado por Marina, o governador se deslocou de Recife para São Paulo para um almoço. Depois, na entrevista, os dois tentaram destacar sua boa relação. “Se alguém imagina (haver problemas) entre Marina, eu e outros companheiros para que a gente possa organizar (a aliança) está redondamente enganado”, disse Campos.

O estranhamento entre os “sonháticos” da Rede, cujo registro foi negado pela Justiça Eleitoral por falta de assinaturas de apoio, e os dirigentes do PSB, onde os “marineiros” se abrigaram, começou depois que integrantes dos dois grupos começaram a questionar publicamente quem estaria na cabeça da chapa. No lançamento da aliança, no sábado passado, Marina disse que iria “adensar” a candidatura de Campos, que já estava “posta”. Seus auxiliares chegaram a dizer que a ex-ministra aceitaria ser vice. Depois, porém, Marina deu entrevistas em que sugeriu estar disposta encabeçar a chapa ao Planalto. Também surgiram outros pontos de atrito, envolvendo alianças e espaço político.

“A decisão que nós temos tomada com muita clareza é que estamos fazendo uma aliança que busca a identidade. É preciso começar essa aliança não pelos nomes, mas pelo conteúdo”, disse Campos na entrevista. O governador afirmou, ainda, que a aliança não se iniciaria cometendo “os mesmos erros” das práticas políticas que os dois condenam. “Em 2014 nós vamos tomar uma decisão sobre a chapa. Não haverá nenhum problema entre o PSB e a Rede no que tange essa questão.”

Marina disse fazer das palavras do governador as suas. Para a ex-ministra, a aliança vai inverter o processo tradicional da política em que “faz-se a aliança eleitoral, ganha-se os governos e depois inventa-se um programa”.”Vamos adensar essa aliança, dar substância a esse conteúdo político e aí sim o que é uma aliança programática poderá se tornar, se deus quiser e o nosso trabalho, uma aliança fática.” Marina também criticou a “ansiedade tóxica” da “eleição pela eleição e do poder pelo poder”. “O que vai fazer a diferença não é o tempo de televisão, não é o marketing, não é a estrutura. É a nova postura”, disse Marina.

Pesquisas

Campos foi questionado se está confortável em liderar a chapa mesmo com Marina aparecendo na sua frente nas pesquisas de intenção de voto. Respondeu no melhor estilo “sonhático”: “Completamente. Nem eu nem a Marina estamos buscando candidaturas. Estamos buscando uma nova política. Em 2014 nós vamos tomar uma decisão sobre a chapa”.

O governador aproveitou para reafirmar que não haverá nenhum problema entre o PSB e a Rede no que tange essa questão. Marina concordou. Para a ex-ministra, a aliança vai inverter o processo tradicional da política em que “faz-se a aliança eleitoral, ganham-se os governos e depois inventa-se um programa”.

Terremoto

A dupla afirmou reiteradas vezes que é preciso tomar decisões em “14” (ano 2014). “Nós, ao produzirmos esse encontro, não temos porque mudar a estratégia”, afirmou o governador Eduardo Campos, segundo quem a aliança entre os dois “provocou um verdadeiro terremoto na política brasileira” e reuniu “muita gente que estava decepcionada com a política, que estava de lado”.

Anões

Marina aproveitou para rebater o marqueteiro da presidente Dilma Rousseff, João Santana, que em entrevista na semana passada à revista Época afirmou que os adversários da petista são “anões antropofágicos” – sugerindo que iriam se destruir sem chegar a ameaçar uma vitória de Dilma.

“Quando a gente é o anão a gente tem uma vantagem. A gente não olha de cima para baixo, olha de baixo para cima”, retrucou, com certo tom de ironia, a ex-ministra Marina Silva. “Olhando de baixo para cima a gente consegue ver o que está acima de nós. E o que está acima de nós é o futuro do Brasil”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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