A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, voltou a defender hoje a nova regulamentação proposta para explorar a camada de petróleo do pré-sal e disse que não há “demérito em ser nacionalista”, ao responder ao que tem sido, segundo ela, uma das “acusações” feitas ao governo no modelo apresentado. “Agora, com o pré-sal, vêm e nos acusam: o modelo de vocês é nacionalista, é estatizante”, relatou, durante discurso no lançamento das obras da BR-448, em Sapucaia do Sul, região metropolitana de Porto Alegre (RS).
“A elas (acusações), nós devemos responder o seguinte: se por modelo nacionalista é aquele que vê no pré-sal uma forma de pegar esta riqueza do petróleo e utilizá-la para a população, para o desenvolvimento do Brasil, para assegurar que o Brasil tenha, de fato, soberania sobre seus recursos naturais, sim nós somos nacionalistas”, discursou Dilma. “Sobretudo porque nós achamos que não há nenhum demérito em ser nacionalista”, prosseguiu, dizendo que o Brasil precisa de “patriotas”, de “pessoas dedicadas a ele”, que “têm responsabilidade com ele, que não pretendem alienar suas riquezas naturais”.
Neste contexto, Dilma considerou que “é uma honra que nós hoje tenhamos autoestima suficiente para declarar: ‘sim, nós somos nacionalistas'”. A ministra também defendeu as propostas do pré-sal da qualificação de “estatizantes”. Ela avaliou que as fontes do petróleo são estratégicas, pois 77% das reservas do mundo estão com estatais do setor, o que evidencia, em sua visão, que esta é uma “riqueza que dá força para o país que a controla”.
Rodovia
Em entrevista depois de participar do evento, Dilma reiterou que o governo federal irá duplicar a BR-392 entre Pelotas e Rio Grande (RS), na região sul do Estado. Dilma já havia dito anteriormente que o governo buscava uma solução “técnica” que permitisse o investimento da União na estrada, que neste trecho é uma concessão à iniciativa privada.
Conforme a ministra, o governo esperava que o concessionário aceitasse proposta de reduzir as tarifas de pedágio. No entanto, a União decidiu começar a duplicação e o concessionário terá duas alternativas: aceitar a proposta e, desta forma, a obra passará a fazer parte da concessão, ou caso contrário, este trecho não terá cobrança de pedágio. Dilma explicou que o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou a possível inclusão da obra na concessão.
Em discurso no evento realizado para assinar a ordem de serviço da BR-448, Dilma disse que o Rio Grande do Sul “está recebendo um dos maiores volumes de investimento”, antes de listar projetos da União no Estado. Dilma citou a própria BR-448, ampliação da BR-116, prolongamento do trem metropolitano (Trensurb) de São Leopoldo até Novo Hamburgo e o incentivo à instalação de um estaleiro em Rio Grande, que receberá encomendas da Petrobras.
“O pré-sal chegou antes ao Rio Grande do Sul”, afirmou, sobre a orientação de produzir equipamentos para a indústria petrolífera no Brasil. Ela lembrou que uma plataforma já foi montada em Rio Grande e outra será feita no mesmo local. A BR-448, cuja ordem de serviço para a construção foi assinada hoje, terá 322 quilômetros de extensão entre Sapucaia do Sul e Porto Alegre. As obras devem demorar 30 meses e custarão R$ 824 milhões.
Dilma também aproveitou o discurso para lembrar que ontem entrou em vigor reajuste para beneficiários do Bolsa-Família. No Rio Grande do Sul, o programa beneficia 450 mil famílias.