Na semana passada, quando o pré-candidato à Presidência e deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) comemorava ter alcançado 5 milhões de seguidores no Facebook e 400 mil no YouTube, o gabinete do parlamentar manteve o ritmo de trabalho durante o recesso dos congressistas. Como as redes sociais se tornaram o principal canal de comunicação direta entre o deputado e seu eleitorado, seus auxiliares estão dando expediente nas férias para manter ativo o marketing digital do presidenciável.
Sem a presença do parlamentar em Brasília, seus auxiliares fazem reuniões, editam vídeos e fotos, além de discutir conteúdos e estratégias de marketing. O material replicado nas redes por simpatizantes e canais autodeclarados conservadores é produzido dentro da Câmara, no gabinete de Bolsonaro, e divulgado primeiro pelo deputado e seus filhos parlamentares.
Presença quase que diária no gabinete é a de Floriano Barbosa de Amorim Neto, responsável pelo marketing nas redes do deputado desde 2015. Floriano é lotado como secretário parlamentar do gabinete de Eduardo Bolsonaro (PSC-SP).
A reportagem esteve nos gabinetes quatro vezes na semana passada. Na maioria das vezes, três funcionários estavam presentes. Na terça-feira, 9, cinco assessores se reuniram para discutir a divulgação da economia de gastos do gabinete no período de 2010 a 2017. Mais tarde, ao ser revelado que o deputado superestimou os valores divulgados, foi obrigado a assumir nas redes sociais que os dados publicados estavam incorretos.
Levantamento
Um estudo do pesquisador Fabio Malini, coordenador do Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura da Universidade Federal do Espírito Santo, mostra que tanto a audiência conservadora (incluindo simpatizantes e internautas de direita) quanto o público “progressista” (não apoiadores do deputado) disseminaram no Facebook notícias com viés negativo sobre o presidenciável na semana passada. Foi analisado o engajamento desse tipo de noticiário de 105.307 usuários, sendo 54.537 com perfil progressista e 50.770 conservador.
“As audiências mais conservadoras e mais progressistas viralizaram notícias – com viés negativo – sobre Bolsonaro. A audiência progressista foi mais atuante”, diz Malini. Segundo o estudo, a audiência de esquerda propagou a interpretação de que “Bolsonaro é desqualificado para a Presidência”. Apesar disso, os comentários mais populares saíram em defesa do deputado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.