O ex-ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda, acusou hoje a oposição de transformar o debate em torno do Programa Nacional dos Direitos Humanos em uma “bandeira política eleitoreira”.
Nilmário atacou o que chamou de “oportunismo” dos senadores Arthur Virgílio (PSDB-AM) e Kátia Abreu (DEM-TO), que preside a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e vê no programa uma ameaça à propriedade privada.
“A chamada musa do latifúndio aproveitou para colocar seus preconceitos”, ironizou o ex-ministro, que atualmente preside a Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT.
“Essa polêmica tem coisas boas, corretas, é direito de todo mundo debater, discutir o plano, mas tem muita hipocrisia também. Eu vejo senadores como o Arthur Virgílio falar que quer saber, quer discutir o plano, mas os dois planos anteriores foram no governo Fernando Henrique e ele defendia. Eu era da oposição, mas nunca fiz oposição a direitos humanos”, ressaltou.
Nilmário participou da inauguração da Escola Técnica do Instituto Federal Norte de Minas, em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, evento que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O ex-ministro não poupou o atual titular da pasta da Agricultura, Reinhold Stephanes, que também criticou pontos do plano. “Ele teve seis meses para fazer as observações que não precisava fazer pela imprensa como ele fez”.
“Militares de pijama”
Para Nilmário, a questão envolvendo a constituição da Comissão da Verdade será decidida pelo Congresso Nacional e toda polêmica é resultado do oportunismo dos “militares de pijama”.
“Outros, como os militares de pijama, remanescentes da repressão, que também aproveitaram o momento. Os demais (debates) são legítimos”, disse, se referindo aos oficiais da reserva.
“Os (militares) da ativa são democratas, mas eles não querem a revisão da história. Eles não participaram de tortura, não são favoráveis à tortura, mas não querem fazer esse debate”.
De acordo com o ex-ministro, no PNDH não há proposta de revisão da Lei da Anistia, que será decidida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Sobre a reação da mídia e uma suposta proposta de controle dos meios de comunicação, Nilmário procurou minimizar a polêmica.
“Teve um primeiro momento não li, não gostei. Você via claramente que estavam falando do que não sabiam. Não tinham lido, nem tiveram o cuidado de comparar com os anteriores”, afirmou.