Foto: Fábio Alexandre/O Estado |
Neutralidade do governador e falta de unidade dentro do PMDB acabaram beneficiando Justus. |
No último dia do ano legislativo, o deputado Nelson Justus (PFL) consolidou sua eleição para a presidência da Assembléia Legislativa a partir de fevereiro de 2007. O golpe fatal na candidatura do deputado Nereu Moura (PMDB) veio com a adesão de quatro deputados do PMDB e da bancada de seis deputados do PT à chapa de Justus, anunciada ontem pela manhã, quando se realizava a última sessão desta legislatura, que termina oficialmente em 31 de janeiro do próximo ano.
Surpreendido, Moura absteve-se de comentar o assunto em plenário, mas no meio da tarde divulgou nota retirando sua candidatura. ?Sou um homem de partido, não tenho vaidades pessoais. Abro mão em favor de um projeto de governo?, afirmou o deputado peemedebista, que atualmente exerce a 1.ª secretaria.
Informalmente, os apoiadores de Moura atribuem o naufrágio da candidatura à neutralidade do governador Roberto Requião (PMDB) no processo, que acabou beneficiando Justus, e à falta de unidade da bancada em torno de uma candidatura única. Em determinado momento, Moura chegou a ter cinco concorrentes internos.
Três dos ex-concorrentes de Moura, o presidente estadual do partido e líder do governo, Dobrandino da Silva, e os deputados Caíto Quintana e Antônio Anibelli seguiram o deputado Alexandre Curi para a chapa de Justus. Curi foi o primeiro a anunciar a composição com Justus há várias semanas. Na segunda-feira passada, Curi confirmou sua indicação como candidato a 1.º secretário na chapa do pefelista. O PMDB deverá ocupar ainda mais uma posição na chapa. O indicado é Anibelli para a 1.ª vice-presidência.
Aliança
O PT apressou a decisão do apoio a Justus. Apesar de o líder da bancada, Ângelo Vanhoni, ter dito anteontem que a decisão seria tomada somente no próximo ano, ontem de manhã a bancada se reuniu e fechou a participação na chapa de Justus. A deputada Luciana Rafagnin foi indicada para ser a candidata a 2.ª secretária na composição com o pefelista.
O presidente estadual do partido, deputado André Vargas, disse que não haveria sentido em adiar a decisão para o próximo ano. O argumento de Vargas foi que o recesso parlamentar está começando e os deputados do partido somente voltam a se reunir na véspera da posse no próximo ano. Vargas disse ainda que foi um acordo entre aliados, já que a chapa de Justus é resultado de uma composição com o PMDB. O dirigente do PT também culpou as divergências internas do PMDB pela opção por Justus. ?O PMDB não conseguiu chegar a um consenso. Nós tínhamos que decidir?, afirmou.
A bancada do PDT já estava informalmente aliada a Justus. Mas o PSDB, dos sete deputados, cinco pensavam em votar em Moura. O líder da bancada, deputado Nelson Garcia, era um dos principais articuladores da chapa de Moura e iria ocupar a 1.ª secretaria. Com o desfecho das negociações de ontem, os tucanos também anunciaram que estão apoiando a chapa encabeçada pelo pefelista. O PTB e os demais partidos ainda não se posicionaram.
No total, são nove cargos na mesa executiva. Além do presidente, são três vice-presidentes e cinco secretários. Mas as funções mais disputadas são a presidência e a 1.ª e 2.ª secretarias. São os três cargos que têm poder de decisão na administração da Casa e do orçamento. A Assembléia Legislativa tem 5% do orçamento do Estado que, para 2007, está estimado em R$ 18,8 bilhões.