O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim afirmou nesta segunda-feira, 19, que a crise brasileira não é institucional, mas sim política e econômica. “E não é uma crise insolúvel. Estamos vivendo uma disfuncionalidade do Poder Executivo, que leva a uma inação, uma paralisia do Congresso, decorrente de situações criminalizadas e do desaparecimento de lideranças, e também uma disfuncionalidade do Poder Judiciário”, disse, em evento na Associação dos Advogados de São Paulo (AASP), no centro da capital paulista.

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Para citar como exemplo da falta de eficiência da política brasileira, Jobim recorreu à discussão sobre o financiamento privado de campanha, que, segundo ele, só aborda o lado da receita, ignorando as despesas dos candidatos. “Imagine um candidato a deputado federal que, a 15 dias do dia da eleição, fica sem dinheiro. Ele tem duas opções: ou ele para a campanha ou ele dá um jeito. Parar a campanha? Esqueça!”, disse.

Na avaliação do ex-ministro, os legisladores precisam estar atentos também às necessidades de custos das campanhas. “Se as proibições das leis se chocam com as necessidades dos candidatos, estaremos empurrando os candidatos para a ilegalidade”, declarou, em uma crítica ao fim do financiamento privado de campanhas.

Apesar da crítica aos parlamentares, Jobim declarou que o Congresso de hoje é mais representativo do que em 1986 ou em 1987, quando ele era deputado federal. “O Congresso de 1986 era mais elitista. A mudança decorre de uma universalização do voto, que hoje é obrigatório para quem tem mais de 18 anos e facultativo para aqueles com mais de 16”, disse.

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“Essa maior representatividade, no entanto, contribui para a disfuncionalidade do Congresso, que tem mais dificuldade de achar um consenso”, acrescentou Jobim, deixando claro em seguida que isso não é necessariamente algo negativo, mas reflexo de uma sociedade plural.