O ministro da Defesa, Nelson Jobim, saiu hoje em defesa do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), ao afirmar que não se pode tributar a uma pessoa uma crise que nasceu de problemas que existem há muito tempo. “A crise do Senado não trata de uma questão individual. Não está tratando com biografias individuais, mas se trata do País”, afirmou Jobim, ao encerrar sua exposição sobre a Estratégia Nacional de Defesa na Comissão de Relações Exteriores do Senado. Ele afirmou que o presidente Sarney conseguiu “algo extraordinário” ao fazer a transição do período autoritário para o democrático no País.
Para Jobim, o Senado não deve aceitar interferências externas para a solução de seus problemas. Segundo ele, a solução tem a ver com os interesses de uma grande instituição. “Tem a ver não com questões imediatistas e individuais, não com interesses imediatistas individuais, mas com interesse de uma grande instituição”, disse. O ministro afirmou que assiste “com consternação essa discussão midiática em relação ao Senado”.
Ao falar sobre sua “inquietação”, Jobim disse que espera que o Senado resolva suas dificuldades, e recomendou: “Não admitam intervenção em hipótese alguma”. Em seguida, afirmou: “A intervenção não é regra democrática que possa gerir a lucidez necessária aos senadores para resolver o problema”. Depois de lembrar episódios como o que ocorreu com o deputado Ibsen Pinheiro – que renunciou após uma série de acusações e posteriormente absolvido -, Jobim afirmou: “Se é para mudar as regras, que se mudem as regras, mas não debitem essas regras em vigor a um personagem”.
Jobim atribuiu a crise às perspectivas de 2010. E ponderou: “O que está em jogo não é a eleição de 2010, é a consistência do sistema democrático”. Pouco depois, afirmou que é amigo de Sarney e reiterou o apelo para que senadores não deixem que haja interferência na casa para a solução dos problemas. “Se eles deixarem que haja interferência, estarão relegando o voto que tiveram”, disse.