Deputados e senadores da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Cartões Corporativos travam embate sobre o possível fim das investigações. A presidente da CPMI, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), abriu a última reunião nesta terça-feira (27) com um discurso duro contra os parlamentares da base governista e a dificuldade da oposição em aprovar o requerimento de acareação entre André Fernandes e José Aparecido Pires, principais acusados de vazamento do suposto dossiê contra Fernando Henrique Cardoso.
Temos duas versões [ a de André e a de Aparecido]. Qual é a verdadeira? O direito prevê o contraditório. Negar a acareação não é civilizado nem republicano, disse a senadora, considerando fundamental depoimento simultâneo dos dois envolvidos para esclarecer as versões. Na semana passada, o assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), André Fernandes, disse que o ex-chefe de Controle Interno da Casa Civil, José Aparecido, admitiu que o dossiê havia sido montado a mando da secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra. Aparecido negou a declaração.
Marisa Serrano ainda considerou que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, mentiu CPMI quando disse que não houve dossiê, e sim, um banco de dados. Ficou claro que houve um dossiê. A ministra Dilma quando veio a esta Casa não falou a verdade. Hoje sabemos onde foi feito e quem coletou os dados, mas não sabemos quem mandou e com qual o objetivo. A parlamentar acrescentou que haverá coleta de assinaturas para prorrogar a CPMI por mais 30 dias.
A defesa de Marisa Serrano em favor da aprovação do requerimento de acareação foi criticada pelos parlamentares da base governista, maioria na CPMI. Queremos deixar claro que isso foi uma palavra da senhora, mas não exprime o sentimento da maioria dos membros da Comissão, retrucou o deputado Carlos Sampaio (PTC-MG).
Segundo o deputado, a CPMI não alcançou o objetivo por conta dos partidos de oposição que focaram apenas em fatos políticos ligados ao Palácio do Planalto e Casa Civil e esqueceram-se de apurar gastos com cartão corporativo nas universidades, por exemplo. Esta CPMI não andou. Ela está capengando e hoje será enterrada. Não há dúvida de que hoje é o enterro da CPI, mas por culpa da oposição, declarou.
Em hipótese alguma pode se falar em enterro da CPI porque só se finaliza as atividades com a leitura do relatório final e do sub-relatório, onde listaremos as irregularidades. Todas, disse o sub-relator de sistematização, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).
O relator, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), disse que o requerimento de acareação entre André e Aparecido será rejeitado porque não implica em fatos que possam complementar o relatório final. Houve pontos de discordância entre o depoimento do André e do Aparecido? Houve, mas, enquanto relator, quero dizer que isso não me interessa, disse. A CPI foi aonde pretendeu ir. Não conseguiu [avançar], porque a oposição criou uma versão [sobre o dossiê] que não consegue se materializar em fatos, completou.
