Nedson abre sigilo bancário em Londrina

Um dia depois de ter sido alvo de uma denúncia da existência de um caixa paralelo de campanha em 2004, quando foi reeleito, o prefeito de Londrina, Nedson Micheleti (PT) anunciou que estão à disposição da Justiça todas as suas contas, abrindo o sigilo bancário também de sua equipe de governo e de todos os dirigentes do partido em Londrina. Micheleti disse que se responsabiliza pela prestação de contas de sua campanha e que confia em todos os integrantes da sua equipe.

Durante entrevista concedida ontem, o prefeito de Londrina afirmou que espera rigidez nas apurações para que não fique nenhuma dúvida sobre o rigor de sua campanha. "O povo de Londrina confiou em mim, votou em mim e eu sou o maior interessado em que tudo isso seja esclarecido. É importante que a população saiba que tudo isso não passa de denúncia vazia", afirmou Nedson.

A denúncia de caixa 2 foi feita por uma ex-colaboradora da campanha de 2004, Soraia Garcia. Ela disse que o PT não gastou apenas R$1,3 milhão, como declarou ao Tribunal Regional Eleitoral. Conforme Soraia, outros R$6,5 milhões teriam sido investidos na campanha de Micheleti.

A acusação da ex-colaboradora desencadeou uma operação da Polícia Federal de busca e apreensão nas residências do presidente do PT de Londrina e atal secretário de Gestão Pública, Jacks Dias. Ele foi o coordenador da campanha eleitoral de 2004. Também foram alvos dos mandados o tesoureiro do partido, Francisco Moreno, e o integrante da executiva municipal, Augusto Hermeto Dias Júnior.

O prefeito de Londrina afirmou que todas as contas de sua campanha foram contabilizadas e apresentadas à Justiça Eleitoral. E que a única contribuição que sua campanha recebeu do diretório nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) foi o repasse de 20 mil camisetas, avaliadas em R$85 mil. Ainda de acordo com Micheleti, o diretório ofereceu um showmício da dupla de cantores Zezé de Camargo e Luciano, mas a coordenação de campanha não aceitou por não adotar aquele estilo de atividade.

Para o prefeito de Londrina, a denúncia faz parte de uma tentativa de partidos adversários de envolver a cidade nas acusações feitas ao partido no plano nacional. "Querem tentar associar o PT de Londrina com a crise do partido em nível nacional, o que é absolutamente impossível. Sempre agimos com transparência e, desde o primeiro momento, condenamos e exigimos a punição de membros do PT nacional, envolvidos em fatos ilegais", concluiu o prefeito.

A operação de busca e apreensão, realizada na quinta-feira, dia 29, foi determinada pelo promotor eleitoral Sergio Corrêa Siqueira. Segundo o promotor, Soraya soube indicar detalhes de várias doações. Segundo o promotor, o diretóiro municipal do partido confirmou a filiação da ex-colaboradora. Siqueira disse ainda que as buscas não deram resultados, já que registros de computadores teriam sido apagados. "Se esses documentos ainda existirem terão de ser localizados pela Polícia Federal", afirmou. 

Ministro e Vargas se defendem

As investigações sobre a suposta existência de uma contabilidade paralela na campanha do PT de Londrina levou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e o presidente estadual do PT, deputado estadual André Vargas, a se manifestarem sobre o caso. Bernardo disse que irá tomar as providências legais cabíveis contra a tentativa de envolver seu nome em supostas irregularidades. Já Vargas afirmou que, por se tratar de uma eleição municipal, a contabilização e prestação de contas foram de responsabilidade dos comitês financeiros municipais.

Vargas disse ainda que a campanha de Londrina foi feita sem ostentação para que venha a se supor gastos acima dos declarados. Bernardo afirmou que não participou da administração da campanha, mas que acredita na correção de sua condução. "Não participei da administração da campanha, mas acredito firmemente que a mesma foi conduzida dentro dos parâmetros estabelecidos na lei eleitoral", diz a nota emitida pelo ministro, que acrescenta não ter tido nenhum contato com a autora da denúncia, Soraia Garcia.

André Vargas disse que há cerca de vinte dias, foi procurado por Soraia que pediu ajuda para arrumar emprego. Vargas disse que prometeu ajudá-la a conseguir uma vaga na iniciativa privada. "Expliquei-lhe que emprego público não deve servir de paga eleitoral", disse, defendendo uma apuração rigorosa para evitar uma "exploração sensacionalista dos acontecimentos. (EC)

Max pede ao TRE uma investigação

O deputado federal MaxRosenmann (PMDB) encaminhou ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), pedido de abertura de investigação contra o PT do Paraná, por conta das denúncias de que o partido teria utilizado caixa dois na campanha de 2004. A representação é baseada nas acusações da assessora do PT em Londrina, Soraia Garcia, segundo a qual, a campanha do prefeito reeleito Nedson Micheletti teria sido bancada com recursos não registrados da ordem de R$ 6,5 milhões, repassados "por fora" pela cúpula nacional do partido.

Na ação, Max aponta que as recentes denúncias demonstram a irregularidade das contribuições obtidas pelo PT, "seja quanto à origem das receitas, quanto à aplicação dos recursos, ou ainda, quanto à escrituração contábil", e lembra que essas irregularidades foram confessadas pelos próprios dirigentes partidárias como ficou demonstrado nas declarações e depoimentos do ex-tesoureiro da direção nacional do PT, Delúbio Soares. Para Max, como o próprio Delúbio afirmou ao dizer que o dinheiro do caixa dois alimentado por recursos repassados pelo publicitário Marcos Valério, financiou as campanhas do partido em todo o País nas eleições municipais, as contribuições irregulares afetam não apenas o diretório nacional do PT, mas também os diretórios regionais e municipais. "A contaminação das contas do diretório nacional se estende aos demais órgãos partidários", considera o deputado.

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